Ainda vou te ver esse ano

Rolam as pedras, devem rolar,
sou como as pedras, pra te encontrar...
(Kiko Zambianchi)

Mais uma contribuição "de peso" para o meu blog. Posto a mensagem espumante, cheia de bolhinhas (ou seriam pedrinhas) da minha amiga "Nunca te vi, sempre te amei" Ana Lúcia Darú. Quem sabe em 2011, depois de 1 ano trocando mensagens entre Curitiba e Brasília, a gente finalmente se encontre na real. Já vi que ela é das minhas, apaixonada por mar, que também precisa dele para vencer as arrebentações da vida. Curtam!

"Sabe, lá na areia do mar de Camboriú/SC, há muitas pedrinhas. Elas vem e vão com as ondas, e esse movimento é constante, ininterrupto, como uma dança, a Dança das Pedras. É um ritmo que tonteia quando se fica olhando. Penso que elas vão se deixando lixar, partícula por partícula... todos os dias e noites...

Elas ficam rodando constantemente, ficando roliças, arredondadas, limpas, lisas... Trouxe algumas comigo, quando vieres para cá, poderá ver, são lindas, pequeninas de colorido variado.

Elas me lembram que o tempo também nos faz assim: roliços, limpos... Se estivermos preparados para cair de onda em onda; se estivermos dispostos a acompanhar o balé das águas da vida. Se estivermos dispostos a nos deixar polir. E nesse constante balé que escolhemos, vamos deixando na praia um pedacinho de nós, vamos nos despojando de nossos excessos e ficando essência...

Assim, enquanto o mar entrava pelos meus olhos e poros, pude me perguntar, será que a vida é assim? Somos seres destinados ao polimento pela vida? "


E para fechar essa inspiração marítima, um poema que amo, do indispensável poeta uruguaio Mario Benedetti:

Piedritas en la ventana

De vez en cuando la alegría

tira piedritas contra mi ventana

quiere avisarme que esta ahí esperando

pero me siento calmo

casi diría ecuánime

voy a guardar la angustia en un escondite

y luego a tenderme la cara al techo

que es una posición gallarda y cómoda

para filtrar noticias y creerlas

quien sabe donde quedan mis próximas huellas

ni cuando mi historia va a ser computada

quien sabe que consejos voy a inventar aun

y que atajo hallare para no seguirlos

esta bien no jugare al desahucio

no tatuare el recuerdo con olvidos

mucho queda por decir y callar

y también quedan uvas para llenar la boca

esta bien me doy por persuadido

que la alegría no tire mas piedras

abriré la ventana.

Comentários

  1. ola, gostei muito do seu blog e do texto que a Ana Lucia - mamae - escreveu :)
    sucesso!

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  2. Então, pedrinhas que somos, é isso aí, o negócio é nos conformarmos, ou pior, mais que isso, aceitarmos - não!!! - vibrarmos com os polimentos!!! Ainda chegaremos a diamantes!!! Beijo da pedra de cá.

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  3. Nossa, minha prima Ana se revelando mais ainda... Que interessante a metáfora, pedrinhas a se deixar polir. É, sem falsa modéstia, toda Ana tem um segredinho, um talento escondido (ou pouco revelado, timidamente escamoteado)!
    Um beijo,
    Outra Ana, a prima

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