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Mostrando postagens de julho, 2021

Ariel

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Subverter o processo da escrita me deu branco. Estaquei na primeira frase brotada na tela do celular, depois de pronunciá-la ao microfone do aplicativo speechnotes . A intenção das amigas foi das melhores: me dar a oportunidade de seguir escrevendo sem escrever. Mas revelou que tenho as tais idiossincrasias dos autores, ou seja, um método. Vejam só, justo aquela que se gaba de passar longe da sistemática. Assim, talvez amanhã eu termine o texto de mão única. Sinto-me uma paródia de mim mesma; uma fake destra. Direitistas, não é o caso de pedir perdão, entretanto, ser esquerda me define. Empunho o lápis ou a caneta sem nenhuma ergonomia e esse gesto tortuoso é o estopim para o derramamento de palavras ensanguentadas. Não houve glamour. Não houve glamour (acionar o til no teclado, no momento, é um malabarismo. Seria mais fácil um idioma sem tantos sinais gráficos). Eis a sentença de abertura do travado discurso. Estava num dos parques nacionais mais estupendos do mundo, porém a fratura

Desconstrução a Chico Buarque

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Tombou na rua. Não atrapalhou o tráfego de ninguém além do dela. Tropeçou no ar com um pacote flácido, que percorreu uma parábola até o chão. Voou como uma bêbada sobre o canteiro público e com um corpo sem controle do seu próprio ato, beijou o asfalto como se fosse sábado. Seus olhos embotados de betume e lágrimas. Agonizou sozinha na via principal na manhã de terça. Mas foi reerguida por quatro mãos sólidas Tijolo por tijolo por duas moças mágicas Soluçou como se fosse náufraga, agradeceu como se fosse pássaro e retomou o passo tímido como se fosse máquina. Voltou pra casa como se fosse pródiga.

Sazonal

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De lua Segunda, me chame de Raimunda Terça, me chame de Teresa Quarta, me chame de Renata Quinta, me chame de Felinta Sexta, me chame de Marieta No fim de semana: me esqueça. Um dia felino enroladinho, caracol cachecol em torno de si. Preguiça de viver, ânima no ronronar. Tramas traumáticas, dramáticas tessituras esculpidas em esfíngicas poses, altivas existências. Faz frio. Das profundezas da loucura mais insana emergem distópicas charadas: adivinhas se lhe estimo ou não. No verão, respondo.