Postagens

Mostrando postagens de junho, 2018

Ópios

Imagem
Mais um Copa se inicia apesar dos protestos, das injúrias e das difamações. Afirmo difamações porque coitado do futebol, sempre culpado por “alienar as massas”. Pão e circo, dizem os ditos politizados; os que pairam acima do bem e do mal com seus jargões politicamente corretos de quem frequentou mestrado e doutorado e se acha mais ciente das coisas do mundo. Ópio do povo sempre vai existir, e de vez em quando é bom ficar doidão de alegria, pegar leve, se divertir. O problema dessa geração engajada de hoje é essa chatice de debater tudo seriamente até os ossos. E é fácil utilizar o futebol como alvo perfeito para levar flechada, como se as mazelas do Brasil se perpetuassem por causa dele. Os EUA são o que são e a população é viciada em basquete. O Japão é o que é a população reverencia o Sumô. A Alemanha é o que é e investiu com garra nas categorias de base para ter jogadores de futebol do nível que tem. O Canadá é o que é e o hóquei no gelo arrasta multidões (para os pa

Limonada Suíça

Imagem
Faço parte desse povo sonhador “Tempo é um meio de transporte no qual as pessoas surgem, se movem e desaparecem sem deixar traço…. No tempo surgem e desaparecem cidades maciças. O tempo as levam e as traz. O tempo deságua no homem e no Estado, se aninha neles e depois saí, e o homem, o Estado ficam…o reino ficou, mas seu tempo se foi…o homem está lá, mas seu tempo sumiu. Onde ele está? Eis o homem: ele respira, ele pensa, ele chora, mas aquele tempo particular, único, pertencente apenas a ele, se foi, sumiu, passou. O mais difícil é ser enteado do tempo. Não há sorte mais dura que a do enteado, vivendo em um tempo que não é o seu. Os enteados do tempo são facilmente reconhecíveis…. (...) Assim é o tempo: tudo passa, mas ele fica. Tudo fica, mas só tempo passa. Como tempo passa ligeiro e silencioso. Ontem mesmo você era seguro, alegre, forte: um filho do tempo. Mas hoje veio outro tempo e você não entendeu”. (Vasilli Grossman, escritor russo em "Vida e Destin

Faltou teste vocacional

Imagem
Você é o que você quis ser quando cresceu? Peraí, não quero um texto pessimista quando até Trump mostra sua versão Nutella para o mundo. Acontece que nunca gostei de halzenuts misturadas ao chocolate. Sou uma chocólatra que não engole qualquer versão de cacau ao leite. Avelã é uma palavra bonita, de textura aveludada, mas é a castanha que nunca compro.  Fechado o parêntesis, dias atrás o questionamento anterior me pegou de assalto. Recebi uma mensagem no zap de uma amiga sobre dubladores. Havia me esquecido completamente que já quis ser dubladora. Não seria o máximo dar voz brasileira a tantas personagens bacanas do cinema? Hoje em dia percebo a heresia de matar a interpretação do ator, cuja entonação faz parte da construção da persona que interpreta. Detesto qualquer filme ou série dublada, porém reconheço que a dublagem no Brasil é muito competente.  Mas o fascínio infanto-juvenil pela profissão se explica: seria estar imersa na Arte sem precisar ter o talento

Libelo ao multicolor

Imagem
Ser analógico tem lá suas vantagens nesse mundo millennium. Nunca pensei que gostaria de ser rotulada por um termo utilizado em informática e outras tecnologias, mas a definição da palavra vinda do grego (algo que já é bacana), significando que tudo varia de modo contínuo e gradual, diz muito sobre essa evolução constante e agradável que me toma depois da curva da meia idade da vida.  Além do mais, nunca me liguei em arte contemporânea mesmo. Meu lance é retrô-barroco-idade média-renascença e pé palito. Do contemporâneo me gusta a libertação das mulheres, o programa Word, que livrou os pseudoescritores da máquina de escrever, e os filmes e séries da Netflix e Amazon. Se bem que dá uma saudade danada das salas de cinema e cineclubes da década de 1980.  Quem é millennium nunca vai saber o que foi aguardar por um lançamento da Sétima Arte com toda aquela expectativa. Hoje se produzem filmes aos borbotões e a gente se perde no emaranhado de títulos. Não dá para follow u