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Mostrando postagens de abril, 2024

Para ler em voz alta

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A folha da figueira farfalha faceira nas mãos da feiticeira. Travoso tremoço no palato tremelica: papilas roliças. Mariposa bruxa blasé na branca blusa repousa.   Vórtex vento voa o vampiro voluptuoso no vértice fatal. Pisca o lume no cume do campo de pirilampos. Helicóptero lepidóptero: hélices eólicas bucólicas. Garboso, o gato gaiato gosta de galochas. Libélula liberal levita - precisa - sobre a linha da piscina.    

Epístola

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“O pequeno, sensível, insatisfeito, pisciano. Por que você não simplesmente aproveita? Eu não sei.” (Kurt Cobain) Coração miúdo  moído  estrangulado no aperto do laço. Vivo esgarçada, não nego. Suturo quando puder.   Pedra Azul (Roseana Murray) Nos dias em que acordamos do lado do avesso e tudo parece que vira abismo, basta comprar no Armarinho Mágico a pedra azul de mudar pensamentos. Segure a pedra com força e feito um moinho moendo palavras, tristeza vira alegria e dor vira poesia [08:45, 15/04/2024]  Amada ParaKarlola, bom-dia!  Que bom é começar a segundona com você me trazendo palavras tão bacanas. Sim, a felicidade não está no externo, mas dentro. Não digo nem felicidade, pois seria demais para mim. O contentamento está em mim, deve vir das minhas entranhas. Mas tenho um nó nas tripas danado. A tal "depressão branca", a ausência de ambos os pais na primeira infância. Um, literalmente, pois faleceu aos meus 11 meses. E da mãe, impossibilitada que estava de ser apenas

Horinhas de descuido

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No pó da obra  o visitante noturno deixou sua marca confuso com os obstáculos, cruzou a treliça de arame meia volta, parou, olhou saltou, seguiu o saruê.  (se não for um saruê, será o quê?) Suas patinhas na poeira de  paredes ao chão confirmam:   há vida nas ruínas. Lembra um passado não tão longe de pegadas do coelho de Páscoa fabricadas na farinha trilha de trigo rumo aos ovos de chocolate. A alegria das mãozinhas dos pequenos…  Naquele tempo não atinavam: coelhos são mamíferos.  Sextou tão brilhante, um dia de verão límpido, dissipado de incertezas. O caminhão do lixo seguia à frente. Depois da varredura pela minha rua, entrou no estacionamento do bloco A. Aguardava para dobrar à esquerda quando reparei num movimento anômalo com o canto de olho: um dos lixeiros saltitava veementemente no meio do asfalto. Não costumo sair nesse horário. Geralmente eu pego o caminhão da limpeza urbana entrando na minha rua. Olhei rapidamente para cima e deduzi que o funcionário estivesse vibrando pe