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Mostrando postagens de abril, 2012

Vivendo de glória

Estudos científicos (sempre eles na nossa era da razão) comprovam que fêmeas que convivem juntas costumam entrar no cio juntas. Uma sacada de gênio da evolução biológica, pois assim as prenhas se confortam umas as outras e depois dão uma mão umas as outras com a prole...  Nos anos de individualismo, a mulher perdeu esse comportamento natural de bando. A rede feminina perdeu a força, que pena! A galera hoje só se reúne em site de compra coletiva... Se bem que eu tive a sorte de engravidar junto com duas boas amigas e uma prima amada e foi mesmo reconfortante partilhar esse estado interessante com elas. E agora são nossos pimpolhos que estão, também, compartilhando a amizade. Estou falando tudo isso porque desde ontem eu pensava em como ficou claro para mim a facilidade em se entregar para a inércia da vida. Atualmente entendo porque a maior parte das mulheres perde a forma e engorda depois dos 40 anos. Porque eu sou uma dessas mulheres que se pegam jogadas no sofá querend

Ensaio sobre a tietagem

"Sentimental eu sou, eu sou demais. E sei que sou assim porque assim ela me faz..." (Altemar Dutra) Tenho duas amigas amadas em Curitiba, outra em Juiz de Fora. Cinco em Nova Iorque, duas na Alemanha, uma alma gêmea em Buenos Aires. E ainda uma no Rio, Floripa e Sampa. Queria que todas estivessem ao alcance do meu abraço real, mas algumas partiram daqui. Em outros momentos, fui eu quem parti. Mas que bom que existe internet e facebook. E a gente se ama à distância, se reverência e perpetua os laços apesar destas vidas de borboleta, pousando aqui e acolá. Não me perguntem porque eu estou escrevendo isso. Na verdade, uma dessas amigas, a que levou suas cores para Curitiba, me confessou que foi vizinha do Manoel de Barros em Campo Grande/MS. Todavia, apesar da proximidade física, ela nunca teve coragem de ir até a casa do poeta ao lado, importuná-lo com tietagem explícita. Eu respondi dizendo que jamais iria perder uma oportunidade destas. Mas a gente pe

Deadline

“O quereres e o estares sempre a fim Do que em mim é em mim tão desigual Faz-me querer-te bem, querer-te mal Bem a ti, mal ao quereres assim Infinitivamente pessoal E eu querendo querer-te sem ter fim E, querendo-te, aprender o total Do querer que há, e do que não há em mim...” (Caetano Veloso) Não sabia que o relógio biológico também podia soar seu alarme estridente aos 40. Ando tão comovida com os bebês atualmente... Querendo pegar qualquer guri/a molengo/a no colo e dar uma cheiradinha, um cafuné. Fico imaginando as mulheres que ainda não são mães aos 40 e dizem não sentir falta da maternidade. Será mesmo? Se eu que tenho dois e nem sou o estereótipo da supermãe judia me pego angustiada: seu prazo se esgotou, garota! Mãe de novo, só na próxima encarnação. E aí a gente não tem certeza se é um desejo legítimo ou se você está acuada pela pressão social de exercer esse papel voraz. É uma comédia o tanto de gente, mulheres principalmente, que me perguntam: “Não vai ter uma men

Macacos me mordam!

Márcia, amiga carioca, não resiste em ver aqueles programas do Discovery Home&Health sobre nascimento de bebês. Não sei se quem não é mãe pode gostar desse tipo de diversão, mas para quem já pariu é um modo de reviver a sobrenatural experiência de dar à luz. A expressão não poderia ser mais perfeita: dar à luz! Eureka! Parir é descobrir a teoria da relatividade e mudar o panorama do mundo. É revolucionar fazendo a mais ancestral das atividades mamíferas. Nesse último sábado, uma mulher barriguda fazia as unhas ao meu lado. A nostalgia me invadiu... Momentos de ternura e expectativa. Quis puxar papo com ela, mas depois me retrai. Só olhava para aquele barrigão e resgatava as minhas múltiplas sensações da gravidez. Parecia que tinha acontecido no século passado. Mas são apenas oito anos. Só que a fase barriga, comparada ao pós-nascimento, parece um filme em slow motion. A natureza é mesmo uma sábia anciã. Nos dá nove meses de elasticidade plácida para que entremos em outra dim

≠ é =

O amor entre surdos é mais amor? Os dois chegando em silêncio, lado a lado, rostos de perfil. Dava para sentir os olhares intensivos de um na pupila do outro. É preciso. Na falta de palavras, os olhos é que dizem as ânsias. Os olhos, os olhos... Repentinamente um gesto no ar parece involuntário, mas é certeiro, intencional. Os dois sorriem. Os dentes se abrem em afetos e entendimentos. O diálogo acontece à revelia de nossa falação, tantas vezes inaudível. A amizade entre surdos é mais amizade? Os grupos animados, colados, face to face. Sinais expansivos, entusiasmados. Na falta de palavras, as mãos ganham vida própria. São talhadas para a expressividade das intenções e dos toques. Os surdos se pegam, se encostam, se cheiram. Os demais sentidos em prol da compreensão e do calor humano. Quem dera desde pequenos fôssemos apresentados ao mundo dos que não são iguais à maioria. Que nos fosse dado esse aprendizado do não ouvir, para entender. Do não ouvir, para tocar. Do não enxergar p

Cenas Portenhas

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As carnes argentinas continuam suculentamente as mesmas... Entretanto Buenos Aires, quanta diferença! Talvez nenhuma para quem não tenha visto a capital portenha como eu tive o prazer de ver em 1997. Era a minha primeira vez no exterior e tudo, obviamente, me deslumbrou. Buenos Aires era a Europa mais perto da gente. Paris com preços acessíveis em época de inflação galopante. Minha melhor (e única) amiga argentina: la dulce Mariana Depois voltei à cidade em 2006. Estava grávida do caçula, mas sabia. Todavia a sensibilidade feminina aguçada já estava correndo no meu sangue... E continuei achando tudo lindo e maravilhoso. Ou ainda mais charmoso e agradável, apesar de vislumbrar alguns mendigos que em 1997 não existiam. Buenos Aires era mesmo motivo de orgulho para os portenhos. Metrópole de primeiro mundo. A inesquecível El Ateneo. Entre as dez mais lindas livrarias do mundo E agora em 2012 tudo está bem mais real. Os argentinos vêm enfrentando crises atrás de crises. O  cen

Descontrole de voo

Ai que ódio que eu tenho dessas pessoas que dormem com a boca aberta mal sentam na poltrona do avião. Raiva, puf, puf... Não vou pedir desculpas, pois quando a personalidade Maricota fóbica ataca, é preciso encontrar um bode expiatório! A aeronave nem saiu do chão e do outro lado do corredor a mulher já emborcou o pescoço para frente. Daqui a pouco começa a babar como o homem sentando na fileira detrás. Encostado na lateral fria e trepidante dessa máquina de voar insalubre, dorme de “rabo solto”, como diria minha mãe. Ai que ódio, que inveja... Enquanto mal posso segurar a caneta de aflição, o tal homem de camisa salmão (ou seria goiaba?) está totalmente entregue aos braços de Morfeu. Tomara que tenha um torcicolo, tá bom??? Decolagem autorizada e os felizardos já se encontram no sono REM. O que acontece com esse povo? Passa a noite em claro antes de voar? Toma um mix de frutas com Rivotril, Donaren e Frontal? Olho para trás e vejo outras cabeças despencando para lá e para cá.

Parabéns, moleca!

para a UnB em seus 50 anos Lembro que ao entrar no Grande Circular gritei: Passei! Passei da roleta e continuei a zurrar: Passei! Fui até a janela do ônibus e berrei: Passei! Mas era preciso ir até lá. Até aquele Minhocão mítico onde me sentei ao lado de centenas de Lucianas e fiz minhas provas sem fé alguma no milagre. Uma errada anula uma certa. Uma das questões discursivas de Matemática era sobre probabilidade e eu acertei. Talvez a única coisa que eu sabia da matéria além da tabuada decorada na segunda série primária. A redação pedia um paralelo entre a “História Oficial” e a “História de verdade”. E eu me lembrei do filme argentino de mesmo nome que eu tinha visto um pouco antes. Ser cinéfila precoce me salvou do desastre. Nunca esperei passar no vestibular da UnB apesar de haver grande expectativa na minha casa para tanto. Afinal, era a caçula com benefícios: escola particular, aulas de inglês... Entretanto havia perdido o pai biológico aos 11 meses de vida e o sentimenta