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Mostrando postagens de março, 2020

Chocolate quente

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Meu coração me manda ir por um rumo incerto. Manda-me prosseguir por uma escura estrada. Vou e me guio apenas pelo olfato. Manda-me pisar no barro da incerteza E eu caminho na segurança do empirismo. Tortura-se quando sigo para o certo. Aperta-se no peito, doído, ferimento aberto. Meu coração, esse louco, Insiste para que eu caminhe no escuro. Abro as narinas atento... ...Sigo. Frederico Salvo. Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=44661 © Luso-Poemas Meu coração me manda ir por um rumo incerto. Manda-me prosseguir por uma escura estrada. Vou e me guio apenas pelo olfato. Manda-me pisar no barro da incerteza E eu caminho na segurança do empirismo. Tortura-se quando sigo para o certo. Aperta-se no peito, doído, ferimento aberto. Meu coração, esse louco, Insiste para que eu caminhe no escuro. Abro as narinas atento... ...Sigo. Frederico Salvo. Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=44661 ©

Dândi

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Aspira lavanda como laudano. Junkie da aromaterapia. Sálvia gerânio anis estrelado para um enlevo ao céu. Lima da Pérsia verbena erva doce, contrapontos da espera cáustica. O feitiço do tempo confunde quarta com quinta, 20 com 26. Eis, materializada, a heroína trágica e boêmia de seus devaneios dândis.

Ninguém chega, ninguém sai

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Quando eles proibirem todo mundo de sair na rua, o que vão fazer com os mendigos?, perguntou Romulito. A pergunta ficou na minha cabeça durante o dia, latejando. Quando desci com a Frida, no fim da tarde, para uma volta mais importante para mim do que para ela, vi que eles, os moradores dessas mesmas ruas pelas quais eu passo contemplando flores, árvores e outros cães, saltam aos olhos, pois diante da evacuação da classe média, das crianças bem nutridas e dos trabalhadores do comércio, tudo o que resta nos arredores são eles, aqui e ali, sozinhos ou em pequenos grupos amontoados. Eles estão ocupando os espaços antes ruidosos dos parquinhos repletos de meninas e meninos frenéticos. O silêncio do coração na mão reina. De repente, um dos homens sem nome ou rosto, ao longe (sim, eu passei ao largo) inicia um acesso de tosse. Que seja cachaça, crack ou catarro. Não queria escrever, mas uma boa amiga que não faz parte das redes

Barriguinha cheia

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Mãe gesta, mãe nutre. Simples assim. Nesse quesito, até os pais mais bem intencionados, mais atuantes e mais corujas apenas arranham a superfície. Nenhum deles é páreo para a obsessão materna com a alimentação dos rebentos. Desde o útero, aquele minúsculo parasita se alimentando de nós. Roubando nossas vitaminas e sais minerais com a nossa total condescendência. Aliás, felicidade. Sim, mãe que só muda de endereço sorri contente com um prato raspado até o último grão. Um potinho de papinha sem sobra é o prêmio de primeiro lugar no certame mais complexo da existência: a criação dos filhos. A mãe que não dá o peito, se ressente. A que dá, se orgulha. E o corozinho cresce sempre com o olhar atento da genitora para que coma, coma, coma tudinho, meu filhinho. E se não come, a mãe se aflige. O pai, nem tanto. Pai não costuma perceber se há mais de três cores no almoço do pimpolho. Nutrição balanceada da prole não lhe incomoda em especial. Deve ser biologia, de novo. Os

Prescrição

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Há quem consulte horóscopo. Há os que leem a bíblia dos quartos de hotel As cartas de tarô das mãos de alguém há também. Há os que creem no vaticínio das linhas da vida. No jogo de búzios com seu tilintar estalado ou nas borras de café aromado. Na psicografia das cartas do lado de lá, assim como nas profecias videntes do lado de cá. Existem mapas natais a apontar o caminho ou a linha de lā para sair do labirinto. Uns seguem os preceitos da seita. Outros, as posturas da sanga. Para os que perderam a bússola, pode ser o caso de duendes, fadas e bruxas Gurus famintos costumam calhar a quem tem fome de achar. Salvadores da pátria para alguns é solução. Para outros, só a revolução. Entretanto, todo mistério tem, nos versos do poema, seu remédio. A cura jaz, segura, na vastidão íntima da (boa) literatura. Pois escritores se acham um pouco Deus, ainda que sejam ateus.

Tô Besta Today

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Sou devagar quase parando para os jargões e mecanismos das coisas todas. Tenho enfado a priori de tudo que pareça sistematizado. Era pra eu ser a desorganização em pessoa, mas sou nāo. Tenho tudo anotadinho nas minhas agendas de papel consecutivas. E as gavetas do meu armário são bem arrumadinhas.  Não preciso de personal organizer. Preciso só de contador, alguém que faça a vida obedecer a engrenagem. Encontrei o marido. Ele cobra caro às vezes, mas a gente vai aguentando a extorsão.  Não gosto do que me cheira à técnica pura e simples, ou aos modismos puros e simples. Corro por fora. E pago mico por causa disso, claro. Demorei horrores pra sacar essa de #tbt. Que porra é essa? Primeiro percebi que tinha ver com lembrança. Muito, zilhões de megabites depois, é que fui sacar o lance das quintas. Eu, hein, cada bestage que as pessoas se metem. Eu não tenho uma #tbt de foto hoje. Tenho uma de escrito. Porque cês sabem que se eu não escrevo, não respiro. Aí tava lá n