Bolero ao meio-dia
Estacionei o carro nas vagas enfileiradas do bloco de apartamentos. Como uma pontada, veio a imagem de minha mãe parando o carrinho prata dela no mesmo local, sempre animada para ver a filha e os netos.
Fechei os olhos e lembrei imediatamente de um poema escrito na juventude. Não era para a minha mãe, claro, os amores juvenis são tão passionais. Mas hoje passa a ser. Sentimento de orfandade também é visceral.
É nas segundas que sinto saudade de ti.
Na preparação do jantar sozinha,
mastigando pensamentos confusos na cozinha fria e bagunçada.
É quando entro em meu quarto que sinto saudade de ti.
Arrumando roupas espalhadas como as tuas
que também já estiveram assim,
tantas...
Nua na cama sinto saudade de ti.
Na doce preguiça de não ler, não escrever ou na poesia que finjo te dar.
É quando consulto minha agenda e repito os pequenos rituais da vida que sinto saudade de ti.
E quando estou cansada, à beira do precipício, também sinto saudade de ti.
Porque acompanhar teus gestos distraídos acalma meu olhar perdido...
Todo dia sinto saudade de ti.
Me emocionei.
ResponderExcluirSocorro Melo
Que lindo e triste ao mesmo tempo. Me fez lembrar da mamãe também.
ResponderExcluirLeila Brandão
Lindo, Lu! Tb me lembrou minha mãezinha!
ResponderExcluirCynthia Chayb
É lindo, amiga, e a saudade é pra sempre.
ResponderExcluirCecília Pereira
MARAVILHOSO. E me emocionei, Lu querida.
ResponderExcluirLuciana Barreto
Lindo, Lu!
ResponderExcluirFabíola Taveira