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Algum tanto

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Ao viajar de avião à noite  constelações d e ponta à cabeça, no breu da planície terrestre.  Ao amanhecer, a viagem retoma o seu prumo  perfura o edredom das nuvens plana-se dentro do sonho. A claridade é uma estrada infinda,  sem sarjetas ou sinalização.  Sou a única orientação.   Sampa sempre intensa sabores, tribos, desejos  lampejos de belezas e de feiu ras. Rococó Art déco paúra. Hinos e bandeiras  hordas, fileiras marginais, quintais. Verde, cinza, arco-íris  vão livres, cubículos mendigos líricos.  Meca, Big Apple Tropicália-sertão tupi-guarani Cariri-Japão.   Deus e o diabo na terra dos Andrade liberdade.   O filho dela está ali, mas já é outro. E então ela sentiu saudade daquele que o filho já foi. A cratera se abriu entre eles e ela sente saudade do que ele é naquele momento, pois sabe que amanhã ele já não será aquele momento. Amanhã o garoto já não dará o beijo forçado pela mãe na frente dos amigos. Ele ...

E nada se faz sozinho...

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Gosto de morar numa casa antiga onde as velhas telhas saem do traçado exato. Guardam memórias de chuvas intensas  nos musgos e de sóis abrasadores no desbotado do barro. Gosto de abrir a janela, admirar os telhados desgastados ao redor. Transpiram as Geraes dum tempo de reverência aos céus dos santos, à ira divina.  Pisos descascados pelos cascos verdes brotam das frestas carcomidas. Rusticidade de uma vida menos farta de excessos.  Noitevagar apascentada junto aos fantasmas. Antepassar. O que eu preciso para sobreviver não é o fogo ardendo com raiva e ódio. Eu tenho muito fogo em mim. O que necessito é de um dente-de-leão na primavera. O amarelo brilhante que significa renascimento ao invés de destruição. A promessa de que a vida pode continuar, não importa o quão terríveis foram nossas perdas. Que pode ser bom novamente." (Katniss Evergreen) Na vibe do Tordo de Jogos Vorazes para começar mais um ano revolucionário! Tenho vestido muitas peças verdes. Percebo que estou ...

Cerratenses

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  Espécie pioneira e perenifólia capaz de suportar sombreamento mediano. a aroeira salsa é altamente tolerante à seca, resiste às geadas e apresenta boa capacidade de regeneração natural. Floresce de agosto a novembro, e a maturação dos frutos ocorre entre dezembro e janeiro, permanecendo na árvore até março.  A casa das novas janelas trapezoidais, a vila italiana, a casa infinito. A casa da progressão geométrica 2, 4, 8 ou  dos múltiplos de dois ou do teclado matricial (matriarcal) 2x4=8.  A casa das pitangas, de um a dupla de aroeiras salsas, do pau-brasil e das arecas. A casa dos tijolinhos ( white brick road ), do ipê também branco, da luz oblíqua.  A casa dos papeis de parede “trazidos da Índia”  e das igualmente falsas, porém bonitas, cerâmicas hidráulicas. A casa da Nossa Senhora de Fátima e  do jardim mágico do castelo da Bela Adormecida. A casa da escada em caracol, do gazebo realocado. A casa da profusão de espadas de São Jorge (muito bem g...

Gigante gentil

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Um piano bem tocado é imbatível. Engraçado ter me vindo à cabeça exatamente este adjetivo, uma vez que não se bate num piano nem com uma flor. Quanto mais belamente acionadas as teclas, mais suave é, ainda que a composição exija vigor e rapidez estonteantes para mãos que parecem agir independentemente dos braços. Mãos autônomas como a Mãozinha da Família Addams (usei essa analogia antes, mas Renato Russo me absolve). Pois ontem foi uma noite sublime. A sala de teatro da Poupex é o que de melhor temos em Brasília no momento que parece infinito, quando o Teatro Nacional Cláudio Santoro segue agonizando em Eixo Monumental público. Som muito bom, cadeiras confortáveis, iluminação acolhedora, acústica idem, estacionamento amplo. Espaço perfeito para abrigar óperas, concertos, recitais e outras apresentações mais intimistas, apesar de não ser pequeno, muito pelo contrário. O único senão é ficar distante das paradas de ônibus e das estações de metrô. A plateia também estava de parabéns. Pou...

Periodicamente

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Nas carótidas, o som da vida. Era o meu sangue em trânsito para um cérebro que lembra, acumula memórias nas quais não acredita. O ultrassom de hoje seria aquele do pequeno botão de flor nascendo no meu ventre? O som da vida do primeiro filho, fecundo na terra do meu útero? O útero assustado, renascido com a pergunta, contraiu-se. A mão alisou aquela lembrança perto do umbigo. Lágrimas fugiram dos olhos no escuro estéril da sala. Mãe é um maldita bênção, uma bendita maldição. 

Mães&filhos

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Na falta de travessas de fato, passeamos pela Travessa de estantes. Mãe e filho estão na parte infantil e procuram algo específico: acho que não tem nenhum livro sobre peixes, meu filho. A pisciana a postos em mim foi imediatamente fisgada pela conversa, como assim? Ah, tem um da Clarice chamado “A Mulher que matou os Peixes”, mas acho que não é bem isso que ele quer, né? A mãe ficou temerosa, se aproximou do filho como se eu fosse uma ameaça real à integridade física do garoto. Ele quer um livro que tenha os nomes dos peixes, afirmou com antipatia atroz. Percebi que havia atacado de bisbilhoteira e resolvi desanuviar: Peço desculpas, é que eu escrevo e gosto de literatura infantil. Por isso estou aqui pensando em algo que agrade ao seu filho. Seria uma pena sair da livraria sem um livrinho para ele. A mãe fez uma cara menos hostil, mas só um pouquinho menos. Desisti. Teria indicado o poético “Diário das Águas”, de Gabriela Romeu e Kammal João. E, claro, o delicioso “Banho!”, da Marian...

Tempus autumnus

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Que puta dia lindo! Outono, né? Cristalino sol matinal de mãos dadas com a brisa temperada da estação mais bonita do ano. Rômulo esqueceu a lancheira em casa. Acreditem, ainda faço lanches escalafobéticos (prontamente devorados) para o guri de 1.80m. Perdi a conta de quantas vezes tive de levar a térmica de Star Wars até a escola nos períodos letivos. O colégio mudou tanto… Está bem maior, menos original em sua essência. Retiraram o nome da instituição, esculpido em concreto e tão único, da entrada do prédio. Será que jogaram no lixo? O gramadão que recepcionava os alunos virou estacionamento. Lá dentro, um pátio com mais cinza do que verde. Fiquei triste e aliviada ao mesmo tempo. Rômulo já está acabando sua jornada por ali e Tomás viveu apenas o antigo espaço, autêntico e acolhedor. No trajeto até a escola, as casas da 703 sul; o comboio de jovens descendo na parada de ônibus para mais uma manhã de faculdade na UDF; pets e seus tutores; a luz morna e especialíssima da incipiente manh...