Comparações


A rotina na pandemia guarda muita semelhança com o dia a dia vivido nos EUA. Há o isolamento social comum aos forasteiros ainda não inseridos na dinâmica de outro país.

O extenuante trabalho doméstico diário, que acaba sendo deixado para lá após algum tempo de neurose com limpeza e com ordem.

Parêntesis: As mulheres americanas costumam abrir mão da carreira para criar os filhos, pois acumular trabalho interno e externo, marido e crianças é, sem dúvida, o caminho da perdição. Quando as os rebentos chegam à adolescência, elas ensaiam o retorno à vida profissional.

Os aqui de casa já estão nessa faixa etária e como ainda perturbam! Adoraria ser apenas uma stayhomemommy neste momento difícil da humanidade e insuportável do Brasil. Fecha parêntesis.

Assim como nos EUA, saio a resolver pequenas e diligentes questões na rua, entre elas, passear com a raposinha disfarçada de cachorra, com a roupa que estiver no corpo. Sem pudores e vaidades típicas das brasileiras, não estou nem aí se a blusa é listrada e a calça é de bolinhas. Se ponho tênis de corrida com minissaia. Se alhos não combinam com bugalhos.

Daqui a pouco eu vou sair de pijama, como inúmeras vezes presenciei nas calçadas de White Plains.
São quase seis meses sem frequentar a manicure e a pedicure. Sem retocar as raízes brancas que avançam desimpedidas. Também passei 1 ano e meio nos EUA cultivando uma cabeleira sem ânsia de ser cortada. Experimentei algumas cores diferentes em mechas, a título de brincadeira e porque consumir, na sociedade norte-americana, é preciso. Aliás, imperativo.

O contato com os amigos e os parentes acontecem on-line ou pelo zap. As notícias do país da mesma forma nos atingem. Estamos em intensa convivência familiar, um quinteto armorial nem sempre harmonioso.

Faz friozinho de inverno a lembrar o outono em NY. Só estranho encontrar gente lá fora disfarçada com máscaras de todos os tipos nos rostos de todos os feitios. De certo modo, a variedade de máscaras remete à diversidade de estilos que costumava ver nas ruas da Big Apple.

Não há abraços, beijinhos no rosto, afagos públicos. Lá tampouco havia muito contato físico com os demais.

A diferença sinto nas horas de solidão revigorante dos meninos na escola até às 16 horas. Na falta do barulho característico do motor dos school buses (substituído pelo ruído insistente das motocas dos entregadores) e, claro, nos passeios de fim-de-semana em Manhattan, a ilha-mundo.

A semana inteira “presa” no apartamento era totalmente recompensada por um domingo de caminhada no Village ou no Metropolitan Museum of Art.

Resta-me fotografar a sequidão do planalto central que, se não é o Central Park, reserva uma imensidão de biodiversidade sem paralelo com qualquer floresta temperada.

Agora, quanto à temporada de ópera e de balé do Lincoln Center, não dá pra forçar nenhuma barra. Não cabe comparação.

Comentários

  1. O duro é ver os vídeos e fotos dos italianos se esbaldando na praia, curtindo as férias de julho.

    Lara Maria

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  2. As lembranças são um refresco vivo: pausa saborosa na realidade. Tb tenho muitas lembranças que quero repetir.

    Re Osório

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  3. E daqui a pouco é primavera, depois verão sem se ver algo lá fora que vale a pena ver por aqui na terra dos agora bolsominions.

    Maria Félix Fontele

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  4. Não, não é impressão sua! O Brasil, há alguns séculos, entrou em processo de queda e nunca fez um movimentozinho, sequer, contrário. E o pior é que vamos continuar caindo. Êta buraco desgraçado, sem fundo!

    Sebastião Matos

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  5. Saudade dos ipês floridos que não verei nesse tempo sem fim que completa 5 meses.

    Carmem Cecília

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  6. Que fase! Nenhum roteiro de Hollywood foi tão perverso. Eu não digo mais nada o mundo está girando ao contrário e ninguém reparou. Zonza.

    Anna Luiza Lima

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  7. O duro dessa fase é a falta de perspectiva...tô cansada disso tudo, ansiosa por 2021 no primeiro dia de agosto, pode isso?

    Renata Assumpção

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