Pontaria



Escrever é mais ou menos como aquele provérbio "atirei no que vi e acertei o que não vi". Os textos são paridos numa perspectiva, porém, repentinamente, eles próprios decidem mudar de rota e acaba que o autor também não tem certeza da precisão de seu tiro. Aponta-se para alguns e...

Nem sempre a mira é intencional, tem objetivo. Quem escreve o faz porque viaja e volta sempre ao texto porque o ama.

Consequentemente, o texto vai para o mundo e pode atingir ou não atingir o leitor. E de formas diversas também. A leitura pode pegar só de raspão e logo passa. Atingir braço ou perna: dói, comicha, abre uma fenda, atravessa, mas sem grandes consequências. E pode ser fatal, acertando órgãos vitais: faz rir, chorar, refletir, meditar, revoltar, transformar, agradecer, reler, multiplicar exponencialmente.

Eis a pontaria que todo escritor almeja. Não é fácil não. Aliás, complicadíssimo. Exige exímia perícia e instinto de caçador. Porque atirar pra matar com as palavras é uma das poucas armas legítimas para exterminar a barbárie.


Comentários

  1. Excelente texto. Aliás, me identifico com muito do seu livro. Gratidão.

    Hermínia Oliveira

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  2. Me digam: Como não ser dominada por uma gigantesca onda de alegria e orgulho por ser amiga e editora dessa preciosa, lúcida e sensível mulher chamada Luciana Assunção.

    Karla Melo

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  3. Adorei

    Maria Félix Fontele

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