Se conselho fosse bom...



As três mil palavras que os cientistas afirmam que as mulheres falam a mais por dia do que os homens devem ser despejadas pela manhã, quando as mães precisam mover montanhas, ops, os filhos rumo à escola: 

- Levanta, desencosta da cama, põe a meia, anda, toma logo essa vitamina, menino!, Já escovou os dentes?, Vai pro colégio com o olho cheio de remela, é? Pegou a lancheira? Que cabelo é esse? Cadê meu beijo!!! 

Mães, mães, neurastênicas mães. Uma amiga acaba de me dizer que não vai mais assistir à palestra do escritor Mia Couto lá na cidade dela, Curitiba, porque se sente culpada em deixar os dois filhotes com a babá por algumas horas a fim de se divertir. Oras, as mães não sabem que reservar um tempo para si próprias lhe tornam mulheres mais interessantes, menos exauridas, menos descabeladas e, consequentemente, melhores mães? 

Não, muitas não sabem. Muitas perdem totalmente as estribeiras com essa tal maternidade. OK, é mesmo de enlouquecer essa Profissão Perigo. Capaz que nem MacGyver desse conta de resolver a parada dia após dia. Porque serviço de mãe domesticada não tem nada de secreto e não tem fim. Um sujar e limpar quartos e mentes constante e ininterrupto. E a verdade é uma só, resumida na frase do ímã de geladeira que eu dei de presente para outra amiga genitora: “Todo mundo que salvar o mundo, mas ninguém que ajudar a mãe a lavar a louça”. 

Eu fico de gaiata nessa história, observando daqui e dacolá, me sentido meio deslocada no universo maternal, pois não sinto remorsos em deixar meus filhos com a tia, a empregada ou a babá para curtir exposição ou filminho. Creio, indeed, que se estou bem comigo mesma estarei mais afinada com eles. Sem despejar meus próprios medos e frustrações nos coitados que sempre estão de boquinha aberta à espera que mamães e papais regurgitem seus ensinamentos ou paranoias. Os bichinhos não são capazes de filtrar, a gente é que é e, portanto, precisa se tocar. 

- Baaaaaaaanho!!!! 
- Mas você fala isso todo dia! Todo dia a mesma coisa! 

Tá vendo? Como ser mãe é fazer todo dia tudo sempre igual, lembre-se que você, mãezona, já está com saldo extra de atenção, preocupação e afeto. Seu banco de horas transborda e você pode se dar o direito de tirar uma folga no meio da semana. Não acredite que a sua vigilância 24 horas é mais sadia do que uns lapsos temporais em companhia das amigas, do marido ou de si mesma. Afinal, “felicidade a gente encontra é nas horinhas de descuido”. 

Quem grafou foi Guimarães Rosa, que era pai, não mãe. Mas isso é apenas um detalhe. Releve. 


Tema do post:

http://www.youtube.com/watch?v=rgwOC93vBP8




Comentários

  1. Não vá me dizer que minhas culpas de ontem inspiraram esse texto...! Ficarei um tempão sem vir ao blog!:)

    Ana Cristina

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  2. Seu blog está ótimo. Siga em frente!

    Bjs.,

    Davi Doss

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  3. Amei, Lú!!!!!!

    Falou tudo, como sempre!!!!

    Bjs.,

    Marina Caldana.

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  4. Oi Luciana,

    Ufa!!!!Agora descobri....Sou uma mãe domesticada!!!!!!!!!

    ADOREI!!!!

    Bjocas
    Patricia Caldana

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  5. Também amei! Estou conseguindo driblar a culpa para manter os momentos só meus, preciosos, indispensáveis, e um texto como esse vem a calhar, me mostra que existem mães como eu!

    Bjs.,

    Ana Claudia

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  6. Luciana,

    de fato, vocês, mães, têm mesmo uma parcela grande do trabalho com os filhos (algumas vezes, 100% dessa parcela".)
    Simplòriamente: "Mãe é mãe!" o acento no ò foi proposital)

    Não sei se é porque eu amo demais a minha filha, mas eu sou um pouco mãe dela também.Mas na hora do aperto ela chama pela mãe, que tem mais paciência. Naquilo que eu posso, eu cuido. E acho uma delícia!!

    Um beijo,
    Paulo.

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    Respostas
    1. Olá dear Paulo,

      eu sei que você é um paizão, assim como o Bernardo, que um pãe. Aliás, vocês dois.

      O que eu queria com esse texto era cutucar as mães neuróticas, aquelas que mal deixam os filhos respirarem de tanta atenção e presença. As mães que se esquecem de si mesmas e dos maridos e dos amigos por causa dos filhos. Isso não é bom para ninguém.

      Mães precisam aprender que elas são um indivíduo também. Alguém que já existia antes da maternidade. E encontrar meios de descansar, de se divertir e de se completar sem a ininterrupta presença dos filhos.

      Um beijão pra você e obrigada por sempre ler e comentar meus escritos!

      Lulupisces.

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  7. hahahaha, adorei Lu. Isso mesmo, e quando precisar de companhia pras suas saudáveis escapulidas, conte comigo! bjus

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