Tribos, ódios, gnomos e afins

Todos os anos, comemoramos no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. A data foi criada em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas. Mas você sabe o porquê deste dia ter sido escolhido para celebrar os povos indígenas?

Em 1940, foi realizado, no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais das três Américas, vários líderes indígenas do continente foram convidados para participar do encontro.

Porém, os chefes das tribos não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível. Afinal, os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.

No entanto, após algumas rodadas de reuniões e debates, diversas lideranças indígenas decidiram fazer valer a sua voz, participando daquele momento histórico: era um dia 19 de abril. Portanto a data foi escolhida, no continente americano, como o Dia do Índio.

Em uma era em que a ecologia e a inserção das minorias estão na pauta das discussões globais, celebrar a cultura indígena é valorizar a diversidade e um estilo de vida mais conectado com a Natureza. É promover a tolerância, respeitando modos de ser e de pensar diferentes dos nossos. Celebre o Dia do Índio como um momento de reflexão pela diversidade e pela comunhão do homem com o meio ambiente!

Estava eu escrevendo sobre essas coisas todas para a intranet do STJ e fiquei refletindo o quanto esse mundo globalizado está, paradoxalmente, cada dia mais refratário às minorias, aos esquisitos, aos diferentes. Não foi exatamente o preconceito e a rejeição que levaram Wellington a chacinar uma dúzia de crianças? E aquele grupo que esfaqueou com ódio um travesti nas ruas de Campina Grande/PB?

Todos os dias é isso: crimes de ódio, de racismo, de intolerância aos gays, aos deficientes mentais e físicos, aos negros, aos turcos na Alemanha, aos mulçumanos nos EUA... A aldeia é global, mas a mesquinharia fede à picuinha de cidade do interior.

E em meio a essa reflexão, recebo um email da minha amiga Patrícia, preocupada por ter inserido a filha nas atividades da Nova Acrópole: “Será que estou fazendo um bem mesmo a minha filha? "Falam" algumas coisas aí dessa instituição, que ela seria uma seita (isso eu não acredito de jeito nenhum), mas, que a Nova Acrópole não é somente uma escola filosófica, mas sim, esotérica. Será que minha filha vai chegar em casa dizendo que orou para, sei lá, fada dos dentes??? Que viu um ogro tipo Shrek dançando na sala??? Que conversou com um duende no jardim??? Isso me assusta! Se minha mãe, super católica, souber disso, ela me mata...”

Pois é, entendo a angústia da minha amiga de infância. Mas ninguém tem que matar ninguém (nem em sentido figurado) por estar experimentando, aprendendo, conhecendo e trilhando novas possibilidades. Não acho que vai fazer algum mal para a filha da minha amiga conviver com doidos de todas as espécies.:)

Brincadeiras à parte, acredito que uma adolescente já é capaz de, aos poucos, separar o joio do trigo e a conviver com a diversidade e a pluralidade de opiniões. É obrigação nossa, pais e mães desse novo milênio, orientar nossos pimpolhos para as nuances da vida, raramente preta ou branca.

Não é fácil. Tranquilo é apenas perpetuar a incompreensão, como eu ouvi de um casal amigo do meu cunhado (ao ser questionado pelos filhos acerca do motivo pelo qual a polícia estava aplicando um “baculejo” em um grupo de negros): “É porque eles são pobres e negros e as pessoas são racistas, preconceituosas. A gente é assim”. Esse lixo é argumento para aplacar as dúvidas de uma criança?

Como se todo o comportamento humano fosse determinista, fatalista e não exatamente o contrário. Os homo sapiens estão na ativa até hoje porque souberam ser flexíveis e se adaptar às mudanças. Hello!!! Muda a fita, troca o disco, compra outro Ipad.

Eu também acho esses papos de gnomo algo surreal. E posso acreditar em reencarnação, mas não gosto de ser doutrinada sobre isso e muito menos de panfletar sobre essa ou aquela filosofia ou religião. Não gosto de guetos. Eles são, a priori, excludentes. Não interessa se a avó da filha da minha amiga é “supercatólica”. Porque é a menina quem precisa encontrar seu próprio caminho sob a orientação segura, mas não incisiva dos parentes.

Pretendo deixar os meus meninos beberem de todas as religiões que quiserem (exceto da Universal do Reino de Deus, porque, nesse caso, eu meto porrada!) Eu não sou perfeita, né?

FELIZ PÁSCOA!

Comentários

  1. O que eu posso dizer sobre a Nova Acrópole...

    Em primeiro lugar, gostaria de dizer que minha opinião é suspeitíssima quanto a esse assunto... porque fiquei na Escola durante quinze anos, e já ouvi, claro, inúmeros boatos relativos a ela.

    Realmente são muitos! desde o adjetivo nazifacista até o comunista! rs... Já pensou uma escola de filosofia comunista? É fogo! Mas o que mais me importa nisso tudo é que hoje, quando olho para trás, percebo o quanto meus preconceitos diminuiram em relação às pessoas, às culturas -- sejam elas egícpicias, gregas,romanas...americanas, portuguesas, enfim, aquele ser (eu), uma combinação de evangélico, católico, transformou-se num ser universal, com preceitos tradicionais, que coisa hein?

    Mas falar (em ou) de Nova Acrópole é difícil. Eu a vejo hoje como uma das instituições responsáveis por eu acreditar que existem seres humanos capazes de mudar a rota do mundo, o qual bate no peito e se diz moderno e justo. Claro, os valores estão invertidos! "O que é bom pra mim não interessa se é bom para os outros', e assim por diante...

    Ali a filosofia a se pregar não é a mesma das grandes universidades, não. Ali, professores que gorfam filosofia -- o mel escola -- não apenas o fazem por fazer. Respeitam e se inclinam a trabalhar em cozinhas, em lavações de escadas, no conserto de telhados, no almoço... no jantar, sem falar na arte de lidar com os próprios alunos, os quais traduzem toda a admiração nos afazeres voluntários, nos quais se cresce, se desenvolve... e como eu sempre digo a todos "salvando a humanidade".

    Desde o jardim à fase adulta, aprende-se a cantar o hino nacional, a respeitar o amigo, a organizar-se, a disciplinar-se, ou melhor, a ter a ordem interna que tanto nos faz falta uma escola púlblica ou privada, as quais desenvolvem apenas informação acerca de matérias infindáveis e se esquecem do lado que mais interessa ao humano: o espiritual.

    A palavra espiritual, hoje em dia, só se emprega em igrejas, mas aprendi a adotá-la em qualquer ocasião em que observo seres que tentam (e conseguem) ser um pouco mais humanos, todos os dias, adotando referenciais tradicionais, como os heróis -- assim, praticando, por consequência, a religião. E lá, na N.A, vivenciamos "milagres", como dizem os pastores: pessoas que chegam com dúvidas, com caráter mais duvidoso ainda, e saem (se querem sair rs) com principios tão fortes quanto qualquer papa.

    Quanto aos Gnomos, não se preocupe. A filha da sua amiga vai saber lidar com tudo e com todos.

    Abraços dos Regis.

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