Quarentena ao quadrado





Fiz questão de andar no meio da rua. Não foi uma metáfora. Pisei as linhas pontilhadas que separam a mão da contramão.
De propósito, contrariei o sentido do relógio. Tomei de assalto a quadra como se a rua fosse minha eu pudesse ladrilhar com pedrinhas de brilhantes. 
A lua foi testemunha de que olhei para ela.
"E você passa de noite e sempre vê
apartamentos acesos
Tudo parece ser tão real
Mas você viu esse filme também".
A noite é quente, não parece outono, mas faz  inverno nas almas. 
Capto uma música de Natal de uma das janelas. Os choros dos bebês são estridentes. Quantos nenéns encerrados, enlouquecendo os pais. 
Há gritos de brincadeiras e de conversas entrecortadas: "Ibaneis estendeu a quarentena até o dia 13 de abril".
Risadas, rock and roll, há também.
Inspiro e expiro a liberdade controlada.



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