Decifra-me ou...

"Sonhos são como deuses... Quando não se acredita neles, deixam de existir."

(Paulinho Moska)

Sonhos... Eles mexem tanto com as mentes não cartesianas. São capazes de nos apavorar. E de nos tornar prepotentes, acreditando que todo mundo quer saber o que nosso cérebro misturou em seu coquetel de lembranças recentes e ancestrais na noite passada. Ninguém resiste a compartilhar um sonho, não é verdade? Os sonhos são os precursores da vida midiática que atualmente temos no facebook.

Tive um sonho ótimo como você, menina! Acredita que eu sonhei com você? Olha, estou ligando porque tive um sonho horrível contigo. Sua mãe pedia para você tomar cuidado com os meninos! E assim caminha a humanidade, entre pesadelos reais e imaginários. Às vezes, projetando, nos outros, o que não queremos que aconteça na vida real da gente.

Hoje pela manhã, minha comadre Rosângela me liga para dizer que teve um sonho devastador com o Tomás caindo da janela. Ela estava com o meu marido, na minha casa. Só os dois, percebam. Interpretação 1: Rosângela tem uma quedinha livre por físicos. Interpretação 2: o novo apartamento de Rosângela está sem rede de proteção e, para nem sequer cogitar que o próprio filho despencava do terceiro andar, elaborou uma narrativa na qual o meu se estatelava no chão. Bonito, né? Me inclua fora dessa!! Nada como o cérebro para proteger a gente dos piores pesadelos.

Tento não levar a sério essas mensagens. Sonho não é presságio, vamos combinar. Não estamos mais na época dos faraós ou dos oráculos gregos, quando os sonhos eram lei e interpretá-los, uma ordem. Sei que eles carregam suas simbologias e nossas angústias oníricas podem até se revelar verdadeiras. Entretanto, se a gente pegar pesado com as conexões mentais do travesseiro produzidas às três da manhã, passaremos a ficar acordados. 

Porém tenho consciência (será?) de que alguns sonhos são capazes de nos fazer refletir por dias. Taí, os sonhos terapêuticos. Os gênios da psicanálise estudaram, cunharam e a decifração se imortalizou. E há crenças de que o sonho é um portal para falar com os espíritos. Probabilidades... Mamãe já me visitou várias vezes durantes minhas viagens astrais. Deu até sermão e puxão de orelha, como se ainda estivesse fisicamente ao meu lado. Como duvidar?

Quando eu sonho com a fazenda onde cresci, intuo que estou precisando de um porto seguro, de proteção, da minha família. E quando tenho sonho erótico, estarei precisando do sexo dos sonhos? Probabilidades...

Na semana passada sonhei que uma colega de trabalho – com a qual não tenho a mínima intimidade - e o marido dela - que mal conheço - estavam me ajudando a procurar o vazamento misterioso no apartamento... O que interpretar desta reunião inusitada? Charadas do autoconhecimento.

E nessa madrugada, me peguei na ilha de Paquetá. Paquetá! Como é possível? Curtia o pôr-do-sol e acordei descansada. Estive em Paquetá uma única vez na vida, na minha infância. Minha madrinha tinha família no Rio e era lá, nos subúrbios do Méier, Lins de Vasconcelos e Ramos, que eu passava muitas férias escolares.

Então, de repente, voltei para aquele universo... Algo idílico, tão antigo, tão matéria de sonho... Filmes de Havaí do Elvis Presley... Mas esse é sopa de deduzir. Nem precisava sonhar para saber que preciso de umas férias no mato ou no mar. Pra ontem!

 Sonhem com os anjos neste fimdesemana!

Tema do post de hoje:

 http://www.youtube.com/watch?v=ZIp6pIJkHE4