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Mostrando postagens com o rótulo sonhos

Ser&Estar

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Por onde passo trespassa o olhar. Felicidade da fruta paga o pedágio das sementes, cascas e caroços. Sol nos ossos, mesa posta É domingo. Galhos tentam alcançar balões azuis de céu, brigadeiros e papagaios. Gatos buscam afagos. A solidão do cachorro encarcerado não atravessa despercebida a manhã florida a desarmar os niilistas. Pesadelos são presentes que agarro de manhã: me mostram  o que jamais imaginaria (Sofia Mariutti) Voltei a sonhar. Para quem dorme bem, não é digno de nota, mas para mim, é um lindo retorno ao mundo de Jung. Sei que todos nós sonhamos, só não nos lembramos deles muitas vezes. Fazia um bom tempo que minhas noites eram um céu sem estrelas porque o Patz apaga a gente e, ao que parece, também apaga as memórias a longo prazo. De acordo com recentes estudos, a medicação pode influir em casos de demência precoce. Por isso, era urgente que eu mudasse de estratégia. Cheguei à conclusão de que insônia é uma doença crônica como hipertensão e diabetes. Já tentei de tu...

Overdose

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One of these mornings You're gonna rise, rise up singing You're gonna spread your wings Child, and take, take to the sky Lord, the sky... (Summertime/Janis Joplin)  Acordei entre "Nostradamus", de Dusek e "O Tempo não para", de Cazuza. Abri os olhos e minha cama estava cheia de gatos e minhas ideias não correspondiam aos fatos. Me senti no fim do mundo como antes fora. O sonho misturou Índia com Harry Potter. Nem sequer os cogumelos do amigo, que mastiguei macerados ao mel num longínquo domingo, me deram delírio igual. Penso que talvez tenha tido uma overdose emocional. Até que foi divertido participar daquela alucinação onírica. Fazia parte de uma família com chapéus incríveis que pegava elevadores que iam do nada para lugar algum. O trânsito caótico da cidade repleto de tuk-tuks. Clã de bruxas com roupas vitorianas. Surrealismo espanhol e expressionismo alemão totais. Resultado final de um ontem caótico. Não almocei, já na ansiedade do voo do primogênito...

Fechar e abrir novas gestalts

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Agora a mudança está premente. Começou o entra e sai de corretores de imóveis em busca de um orçamento para alugar o apê. A visita de empresas ou cooperativas transportadoras de cacarecos também. E como os temos. É num momento assim que vemos o tanto que acumulamos. “São muitas miudezas para embalar, vamos orçar três dias”. Ó céus, o museu do artesanato vai cobrar um preço alto pelo deslocamento do seu acervo. Eu que tô de férias chata resolvendo, evidentemente, chateações, não posso deixar de rir da cara espantada dos pretendentes a embaladores. Corretores enxergam cada senão no imóvel, as pequenas ranhuras e os defeitinhos. Como editores de texto minuciosos, apontam os erros de grafia e de pontuação. “A reforma não é luxuosa, mas é um bom apartamento, não fica atrás do posto, e voltaram a usar tacos de madeira”. E assim vou me despedindo da vida na superquadra 303 sul, para sempre sinônimo da gravidez do caçula, da morte da minha mãe, da infância e da adolescência dos meus filhos, ...

Resetada

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“O que chega à página nunca é a história toda, mas sim a versão do escritor para a história - uma narrativa completamente controlada por seu criador.”  (Gail Caldwell) Tomei as tais “cápsulas de  insônia” - até o prosaico erro do DE no lugar do contra ou para me transportou um lugar de artesania das velhas bruxas - e tive um pesadelo gráfico tão bom quanto as séries mais nórdicas e mais sombrias que vi. Acordei aliviada por estar na minha cama. E contente por Morfeu me visitar, ainda que assustadoramente. Quem fica na superfície do sono agradece a oportunidade de mergulhar nos labirintos oníricos profundos. É uma dádiva.  Se você já experimentou boa parte da farmacologia hetero e ortodoxa e não crê em mais nada, sabe que não há milagres. A poção de mulungu, hipérico, melissa, camomila e valeriana, em dosagem feiticeira criada pelas freiras da Pastoral da Saúde do Paranoá (será que o pesadelo teve a ver com aquela horrenda dos filmes?), lhe traga apenas poucos outros sonho...

A mulher de 30 anos (de formada)

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Direto do túnel do tempo … Por Freddy Charlson … De repente, olhei para o fundo do Maiorca Bar, no extremo norte do quadradinho, e vi um lindo trio rindo, tomando bons drinks e de olho em tudo. Cacau, Rachel Mello e Luciana Seraphim Medeiros, a Regina George. Pareciam estar na Praia da FAC/UnB no intervalo entre uma aula de Teoria da Comunicação e outra, de Realidade Brasileira. Estavam felizes. … Me juntei ao trio. Eu estava feliz. … Durante horas, voltamos no tempo. Sentamos no banco ao lado do Orelhão, descemos as escadas rumo ao Laboratório de Fotografia, entramos no Centro Acadêmico, o Cacom (ou o New Cacom, vídeo que eu e Ricardo Makoto capitaneamos em outra vida). E até fomos ao estúdio de rádio. … Voltei no tempo. … Voltei no tempo ao ver os inseparáveis Bruno-Dri, Guber-Lu, Ruivo-Nalu, Marcelo Birita (o Capa), Capim, Andrea Mesquita (parceira na concepção das incríveis Ana e Raissa) assim como Wladimir Ganzelevitch Gramacho (se eu precisar editar este texto vou começar por ...

En-ga-tes

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Hífen Tudo é brinquedo. Tudo é brinquedo antes da descoberta da tristeza. Ontem, tempestade de areia lusco-fusco ao meio-dia palavras partidas, farelos de bo-la-cha. Hoje, ventania cabelos selvagens cavalos libertos galope. Infância não tem cabresto. Miolo Engato paquero enrosco azaro. Conexão comunhão entrosamento afin-idade. “Coração americano Acordei de um sonho estranho Um gosto, vidro e corte Um sabor de chocolate No corpo e na cidade Um sabor de vida e morte Coração americano Um sabor de vidro e corte”... (Milton Nascimento/Fernando Brant) Sim, acordei. Insone quando sonha é de muita valia. Todos em alerta máximo: a pandemia iria retornar no próximo ano. Voltava de viagem, vovó Paula à janela de madeira da sua amada casa na QI 17 do Lago Sul, tal como ficava presa à janela do apartamento da 108 norte, no auge da paranoia pandêmica. Netos e filhos lá embaixo, único encontro real possível por tantos meses. Conversar gritada, não diálogos, entre uma anciã quase surda e os seus ent...

Meia cura

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See the leaves how slow they tumble down Covering the green and yellow lawn As proof of what has been and what will come Enjoying hazy lights of early dawn It ain't good enough Good enough, good enough to try and not succeed  Anger never dies It's part of live It's part of you The end will cease the fire And make us accept We tend to lose (Hooverphonic) Ausência de relevância conviver com erros. Equilibrar o cheio com o vazio, encontro de rios  contraditórios. Vaza o leite do peito Míngua a língua no seio. Singularidades não acolhidas. No quadro geral, a mulher amadura  e se desnuda dos clichês sentimentais. Mornidão corporal solidão existencial. Lagarta largada pupa fatigada, cobiça envergadura das asas: léguas a desvanecer. I'll spread my wings and I'll learn how to fly I'll do what it takes 'til I touch the sky And I'll make a wish, take a chance, make a change and breakaway Out of the darkness and into the sun But I won't forget all the ones th...

Paulo Freireanas

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Tempo Pedagógico  "A leitura do mundo precede a da palavra." (Paulo Freire) Pessoas descobertas  Despidas de senões. Espaço,  ágora do saber. Realfabetizar o olhar, a atenção. Palavras-chaves da vida reivindicam, da cidadania, o quinhão. Processos possíveis, inéditos viáveis, aspirações, sinapses. Somos todos brasileiros. Motivação de tal ordem nos unge. A escrita não é suficiente. Urgem entranhamentos, transmutações da realidade.  Alfabetizar é Libertar! "que eu me organizando posso desorganizar" (Chico Science)  Uma balinha acolhe, um olhar. Palavras geradoras, grávidas de cidadania. Libertação do oprimido autonomia. Banir a vergonha, as pedras do caminho contornar.  Transformar a própria história, criar outros mundos. Escolher a direção, construir pontes. Infinitas trajetórias.

Dioturnos

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O dia acordou frio coturnos nas calçadas, contornos diáfanos. Soturna revolução neste quase sempre verão. Pálida tez do céu passa batom vermelho no espelho d'água, resquícios de ontem. Hoje, a tempestade não vinga. O sol dos trópicos não tolera a coadjuvação. Pousamos. Choveu palavras. Ágora de mulheres: feminilidades regionais, anseios globais. Queremos galáxias. Viço visgo fisga: alma ávida.

Resoluções

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Outras palavras outras paradas probabilidades Outros pactos outros palcos proximidades Outros palácios outras palafitas perplexidades Outros projetos outros processos possibilidades Expanda o diafragma, libere os alvéolos pulmonares reprimidos, suspiros contidos. Inspira profundo... Solta o rugido do leão raivoso. Você, rainha de sua floresta asfáltica. Feche as costelas, aprume as costas doídas. Finda o ano. Os sonhos, não.

Cobiças

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alguém para me cutucar catar piolhos imaginários buscando os trieiros escondidos nas matas capilares. Desvendar as cadeias montanhosas das orelhas como escalador detalhista descer a espinha dorsal vale a vale, caminhando devagar entre um desvão e outro. Os dedos são mágicos pincéis atômicos: acessam o que não é sentido na leviana superfície.  Raios-laser naturais, penetram as camadas mais profundas do espírito e tatuam o zelo no incógnito da alma. Curandería . cadê ela? cadela cândida candeia comedida carícia  campestre cachorra  rupestre cadê ela? carapaça caramelo pelúcia  camuflada genuína  canina cosmogonia da alegria corações e feijões partidos a vida não brinca em serviço Ela atrapalha muitos planos: puxa o tapete do fulano quebra a perna de ciclano. Mata de fome a cigarra e a formiga  no país da intriga  que não enche barriga de ninguém.  A vida cobiça o inatingível como não, se agora alcançamos o berçário das estrelas? Entretanto o infer...