Deserto Verde
De Catalão/GO à Cristalina, a próxima cidade às margens da rodovia 040, é só uma imensidão plana sem vida.
Hello, darkness, my old friend. É uma paisagem que, a despeito da limpidez do céu e do verde intensivo das monoculturas, nos provoca o oco da desolação.
Nosso meio-oeste americano, pintura de Hopper. Dorothy ansiando pelo tornado que a leve para longe do plano infinito.
Quando chove, o horizonte se confunde com o asfalto e o caminho se transmuta em paralela que despenca no vazio do além.
Nesses ermos sem verdades e sem veredas é fácil pensar que a terra é chata, um disco girando perene sobre o próprio eixo.
A música, cantilena, ladainha ou oração não difere da monotonia circular. Entoa monocórdica rimas sobre a insignificância dos torpes.
Uma excelente descrição-reflexão que corroboro. Percorro esse trecho desde a infância. E como a crueldade é uma das qualidades dos trogloditas, há uma plantação em que apenas uma árvore foi polpada no meio da planície da plantação. Quase um tótem de espécie rara que já habitou o planeta.
ResponderExcluirRê Osório
Foi também neste trajeto, de carro, que Samuca e Francisco aprenderam uma nova palavra que se repetiu outras vezes ao longo da viagem: deserto-verde.
ResponderExcluirMarianna Holanda
Parabéns pela descrição!
ResponderExcluirMaria Helena Andrade