O falso vilão


Sem nenhuma ideia inspirada. Não, nada disso. Sem nenhuma ideia. Ponto. Ter ideia semanal já é complicado, inspirada, então, é para quem pode. Martha Medeiros largou o blog dela de lado exatamente por isso. Disse que era impossível manter a constância e não se sentir exaurida dos possíveis bons temas para os seus próximos livros. Ela tem razão.

Como eu não tenho contrato com nenhuma editora, só me resta ralar até conquistar meu quinhão de notoriedade literária escrevendo, mesmo com parcas ideias.

Conexões telúricas desses dias: li um artigo do blogueiro Alexandre Matias falando de sua saída “forçada” do facebook. A empresa errou e o desligou sem motivo. Entre surpreso e aliviado, ele discorreu sobre o assunto em seu espaço garantido no jornal O Estado de São Paulo.

No dia seguinte, ontem, meu primo me envia outro artigo em que o facebook é a estrela. Agora nas palavras da articulista (também do Estadão) Nina Lemos. Ela escreve que largar o facebook é o correspondente pós-moderno do “ter uma casa no campo”. Não estar no FB é ser o novo hippie. E segue desfilando aquela coisa toda sobre vício nas redes etc. e tal.

Sabe o que o me espanta? As pessoas se preocuparem tanto com o facebook a ponto de escrever sobre ele nesse nível de profundidade. Facebook é apenas passatempo. É apenas diversão. Não me deprime, não me vicia. Não fico olhando o perfil dos outros e sentindo inveja. Não fico futucando a fim de descobrir podres de alguém. Também não posto podres de ninguém lá. Os meus já me bastam! Devo ser muito evoluída...

Ou acontece de eu já ter tido uma casa no campo. De ter crescido nela, um fazendão pau a pique e sapê, onde plantei meus amigos, meus discos, meus livros e nada mais... Zé Rodrix e sua música obra-prima na voz de Elis. Que eu ouvia escondida embaixo da cama da minha irmã que proibia a pirralha caçula de mexer no som dela. Um som bacana, todo pretão e grande, passaporte para tantas viagens que eu queria fazer.

Deve ser por isso que o facebook não me deslumbra nem me incomoda. Entretanto ignorá-lo, pra quê? É tão perspicaz! Eu escrevo no facebook todos os dias. Mas escrevo uma coisa, duas, no máximo. Vejo quem me escreveu, vejo quem escreveu algo interessante. Vejo se vale ouvir aquela música que alguém compartilhou. O facebook me fez conhecer novos artistas, novas visões de mundo. E me fez descobrir novos lados das mesmas pessoas de sempre.

Às vezes, o FB é melhor informação do que jornal e revista comuns, pois não tem linha editorial. Não tem filtro ou censura prévias, só póstumas. As pessoas colocam o que querem por ali. Claro, N vezes são porcarias. Réplicas de pensamentos toscos, grosseiros ou preconceituosos. Mas noutras, é pura iluminação. No facebook, há discussão, há debate. Há confronto. Há dinâmica. Há criação. O oposto de tudo isso também está lá. Mas não me interessa, entende?

Tudo vai depender do número de amigos legais que você tem à sua disposição para trocar as tais ideias tão caras, tão importantes, matéria de poesia e crescimento. É bom aprender a fazer uma seleção e deixar apenas os que merecem leitura. O facebook nos dá esta opção. Ensina a gente a valorizar a melhor sintonia. Você não precisa conviver com o lixo dos outros, ou de repente, a pessoa é masoquista, vai saber.

Por isso me intriga a neura em cima do facebook. Soa à falácia... Ou então essas pessoas viciadas, deprimidas ou fofoqueiras virtuais são, coitadas (e isso não é culpa do facebook), muito sós, muito influenciáveis, muito ranzinzas e amargas para ter uma vida real que ultrapasse os limites das redes sociais.

Essa galera de mal com as pessoas de carne e osso já existe muito antes do advento da internet. Vem lá da pedra lascada, dos mosteiros da Idade Média. Gente que nunca soube conviver e que acaba demonstrando toda a sua falta de talento para os relacionamentos até nas frases copiadas que postam.

Graças a Deus, desses males específicos não padeço. Ser livre, ser inteira, ser gente são delícias. Desafios que jamais serão superados por nenhuma vivência virtual. Sem chance.



Tema do post:




Comentários

  1. Luciana, sou exatamente igual a vc e lamento as pessoas que cuidam da vida alheia. Parabéns. Você escreve muito bem. Beijos. Saudades. Gabriele Olivi.

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    1. Olá Gabi, que bom te ver por aqui!

      Obrigada por suas palavras elogiosas. E venha sempre ao blog. É um prazer te receber!!
      Saudades também. A gente podia combinar um dia de gurizada com todos os meninos reunidos. Pobre da Luísa, que será a bendita mocinha no meio dos moleques, né?KKK!!!

      Beijão,

      Lulupisces.

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  2. Lu, minha querida blogueira, não sou contra nem a favor do que disses, sou muito pelo contrário!

    Deixando de lado a brincadeira, e lendo esse belo texto, penso sempre nas palavras do mestre Ilha "A faca não faz mal a ninguém quando usada corretamente, porém o que temos de assassinos querendo desvirtuar sua função!..".

    Abraços do RegisPhilae!

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    1. Sábias palavras do mestre Ilha. Concordo, RegisPhilae.

      Por isso o lance é: "orai e vigiai". O importante é fazer uma triagem das boas para evitar que essas vozes dissonantes ganhem tanto espaço.

      Porque a web está aí para o bem e para mal. A gente decide.

      Abraços fraternos,

      Lulupisces.

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  3. Eu gosto do facebook. Eu recorro ao facebook tambem.

    Uma certa pessoa precisava saber como eu estava me sentindo. Eu usei o facebook, deu certo. Eu me senti validada.

    Por alguma razao eu sinto um senso de existencia depois que eu "post" no face. Saber que exito nao eh sempre o suficiente, as vezes eu preciso sentir que existo tambem.

    Beijos,

    Eve

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  4. Você escreve muuito bem!!

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  5. Bom... Para quem como eu só usa Facebook de vez em quando, porque é bloqueado o trabalho e eu tenho mais o que fazer quando chego em casa... Aí vai uma dica...

    Você não precisa recusar a amizade de ninguém!
    Aceite tudo! Você vai ficar bem na fita!

    Aí quando você abrir o seu feed e descobrir que as primeiras 20 mensagens são da mesma pessoa (que pelo visto não tem o que fazer) você clica no perfil dela, e lá do lado direito, pequenininho, tem um X. Você clica com o botão direito e manda bloquear.

    Prontinho! Você não será mais importunado por esta pessoa, poderá ver que outras pessoas também postam no seu feed e o melhor de tudo: ela nem vai ficar sabendo que foi bloqueada...

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  6. Lu, tudo de bom…. ADORO essa música!!!!! eu quero entrar na rede para conectar virtualmente e tb saber de oportunidades pra conectar face to face pessoas, em festivas, em aberturas de expos, em nivers, em passeatas, em botecos jogando conversa fora e falando mal dos idiotas e idiotices da rede. Outra do bem que tá na sequência do site indicado: "andar com fé eu vou que a fe nao costuma faiá…" fé nos homens, nas idéias que prestam, nos filtros que devemos usar, nos amigos bacanas que nos trazem textos bacanas!
    bjão linda
    Isa

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  7. Pois é, vc sabe que não sou adepta a ficar postando no meu face, então o criei meio que por acaso e apenas para visitar outros, por vários motivos. Os principais são a "mágica de viajar no tempo", descobrindo "por onde andam" e como ficaram as carinhas de pessoas que vc não vê há vinte anos! É demais! Outra coisa bem legal são os grupos criados a partir de determinado tema, pessoas que não se conhecem, mas que têm algo em comum e vão compartilhar idéias e experiências. E reivindicar algo também. Agora participo de um face que envolve o concurso que fiz para professor e estamos nos mobilizando para entrarmos na justiça fazendo valer os nossos direitos. Isso não é legal? Como faríamos isso no tempo em que não havia internet?
    Ah, esqueci de algo bem importante também... entrar no face da minha filha e os dos amigos dela, para "sondar" o que está rolando por lá. Apesar de que não encontro muita coisa, é tudo muito igual (acho que eles têm códigos anti pais espiões) rs.

    Bjs
    Patty

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  8. Vc sabe que eu não gosto muito de postar no meu face, criei-o meio que por acaso para visitar outros, por vários motivos. Um deles é "a mágica da viagem no tempo", podendo descobrir "por onde andam" e como estão as carinhas de pessoas que não vejo há vinte anos! É demais!
    Outra coisa é entrar no face de pessoas desconhecidas entre si, mas que passam a se conhecer porque têm alguma coisa em comum... idéias, experiências, reivindicações. Agora mesmo frequento um com membros, como eu, que fizeram um concurso para professor. Estamos nos mobilizando para entrarmos na justiça por uma causa importante envolvendo nossos direitos. Como pensar que isso aconteceria em tempos sem internet?
    Ah, ia me esquecendo. Me serve também para entrar no face da minha filha e dos amigos dela, para investigar o que rola por lá. Mas pesco pouca coisa, viu, é tudo muito igual (será que eles tem um "anti-pais-espiões" instalado lá, hein?) rs.

    Bjs
    Patty

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  9. concordo Lulu. como tudo na vida, o FB (ou qualquer outra coisa do mundo internético) pode ser ótimo ou péssimo - só vai depender do uso que a gente dará a ele. beijos e bom feriado! Débora

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  10. Oi Lu! como sempre digo tudo depende da consciência presente,da mente serena e coração compassivo...em tudo na vida, inclusive para postar coisas do bem ou do mal, e vai de cada um sintonizar ou não.Eu, não me relaciono bem com o facebook.
    Como sempre, parabéns pelo texto!bjão!
    Namastê!
    Cynthia

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