E nada se faz sozinho...



Gosto de morar numa casa antiga

onde as velhas telhas saem do traçado exato.

Guardam memórias de chuvas intensas 

nos musgos e de sóis abrasadores

no desbotado do barro.

Gosto de abrir a janela,

admirar os telhados desgastados ao redor.

Transpiram as Geraes dum tempo de reverência aos céus dos santos,

à ira divina. 

Pisos descascados pelos cascos

verdes brotam das frestas carcomidas.

Rusticidade de uma vida menos farta de excessos. 

Noitevagar apascentada junto aos fantasmas.

Antepassar.





O que eu preciso para sobreviver não é o fogo ardendo com raiva e ódio. Eu tenho muito fogo em mim. O que necessito é de um dente-de-leão na primavera. O amarelo brilhante que significa renascimento ao invés de destruição. A promessa de que a vida pode continuar, não importa o quão terríveis foram nossas perdas. Que pode ser bom novamente."
(Katniss Evergreen)


Na vibe do Tordo de Jogos Vorazes para começar mais um ano revolucionário! Tenho vestido muitas peças verdes. Percebo que estou com muitas roupas verdes no guarda-roupa. Dindinha gostaria desta nova tendência da afilhada. Ela só vestia vestidos verdes em seus mil tons. Apreciava o meu apreço por saias longas. E ando cada dia mais saia, menos calças.Meias-calças? Sinto saudades delas, mas sou uma garota on fire à beira dos 5.4. V de vida, de vitória, de verde-esperança. Bora que vamos, recomendando a trilogia de Suzanne Collins, que li faz um tempão e é deliciosa, daquelas que a gente não quer parar até o final. Os filmes ficam muito aquém, as usual.




Um texto maluco reencontrado pela minha irmã no meio das coisas dela... Deve ter sido escrito por volta de 1992. Acho que vou passar para Rômulo, que está prestes a voar do ninho. ;) 

Família me remete a tantas frentes. Lembranças dos tempos idos, das viagens farofentas e das broncas memoriais. Nestes anos todos, a miscelânea de histórias, de desencontros e de choradeiras. Porque da família se pode fugir, mas nunca se escapa.
Tem amigo cheio da grana que nega tudo. Tem amigo que passa perrengue e compartilha tudo. Tem insatisfeitos de plantão, tem bom filho, má moça, trabalhadores, estudantes natos, neo-revolucionários, acomodados e inconformados de toda ordem.
Ainda assim, família não perde a mania de estar junto - mesmo separado - acompanhando, a seu modo, os caminhos de cada membro por aqui e por ali.
Presentes, ausentes, negligentes ou gratos, fato é que os parentes estão aí confortando, brigando, reestruturando. Famílias ensandecidas na própria normalidade do conviver.
Exercício de suor diário, mas de grande valor, pois aprendemos a lidar com a teia de personalidades destoantes que nos preparam para a vida. 
Família é única e incrivelmente caricatural. Cada qual com suas pequenas esquisitices cotidianas.
Mesmo com o conforto do lar garantido, não nos enganemos: a conquista de caminhar com os próprios pés não se dá de forma autônoma. Crescemos ouvindo nossos pais contar suas próprias histórias, de como chegaram até o dia de hoje. E nada se faz sozinho. Reconhecer a reciprocidade é fundamental.


Comentários

  1. Belo o que vc sempre escreve Lulu 👌👏👏Sabe muito bem onde colocar as palavras no seus textos e fica uma leitura leve de se ler ❤️

    Leila Cruz

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  2. Encantamento!!! descobri a palavra que traduz o meu sentir, toda vez que te leio Lu…então sempre quero mais🙏🥰

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  3. Boas reflexões! O antigo tem sua magia. Eu gosto.

    Rodrigo Holanda

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  4. “Nada se faz sozinho Reconhecer a reciprocidade é fundamental” 👍🏼👏🏼🌟✌🏼🙏🏼😘🌷❤️🥰

    Guti Dib

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  5. Antepassar...
    Adorável poema-texto...mergulhei por inteira...


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  6. Adorei seu texto sobre família. Muito lindo e emblemático nesse momento. Ninguém se faz sozinho mesmo. Parabéns a você e Bernardo que regaram tão bem o jardim 🌷🌷🌷🌷🥰🥰🥰

    Karla Liparizzi

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  7. Gostei da mulher de fases 😁
    A foto com os meninos já mostra a trajetória do tempo, o ciclo da vida, um dia eles estavam no teu colo, hoje você já descansa no colo deles ❤️, Mãe.

    Cristina

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