Coaraci

     foto de Sebastião Salgado 



Tudo o que eu queria hoje era um programa de índio.

Nadar no igapó com outros curumins

naquela disputa de quem aguenta ficar mais tempo debaixo d´água.

Agarrar no cipó que nem Tarzan sem saber que Tarzan existe.

Tibum, Chauá.

Pescar com veneno de timbó-açú

comer peixe frito com farinha de mandioca.

Singrar a piroga pelos afluentes amazônicos,

reter o olhar nas copas das árvores tão lá em cima,

atrás dos bugios-pretos, uacaris, jacus,

ararajubas.

Correr mais rápido que o gato-maracajá

e trepar no pé de pau-rosa.

Domesticar uma preguiça,

preguicinha boa ne rede depois de caçar.

Tudo o que eu queria hoje é que a floresta fosse interminável.

Nomadeando por suas imensidões

meus tataranetos ainda se alumiariam de chuvas e de estrelas.


*Coaraci: sol, mãe do dia em tupi-guarani

Comentários

  1. 👍🏾👏🏾❤️

    ResponderExcluir
  2. Muito bom, Lu!

    Andréa Mesquita

    ResponderExcluir
  3. Sonho bonito de florestania !
    Se me permite:
    igarapé fica melhor do que igapó.
    E no contexto amazônico, do que piroga, canoa!
    Saudações florestais!

    Romulo Andrade

    ResponderExcluir
  4. Simples assim, delícia de sonho 🙏🥰
    Cynthia

    ResponderExcluir
  5. Lu…
    Quero crer que nossos tataranetos vivam isso.
    Eu tenho cá meus sonhos… Que todo dia, em algum lugar, possa ser “dia de índio “.
    Poema lindo! Obrigada 🙏🏻
    Beijo no coração!

    Adriana Túllio

    ResponderExcluir
  6. Que texto lindo ♡
    Também queria uma preguicinha na rede.

    Ana Macarini

    ResponderExcluir
  7. https://youtu.be/TTYVUEs_iFY

    ResponderExcluir
  8. Arrasou! 👏👏👏👏

    Karol Simões

    ResponderExcluir
  9. Maravilhoso esse texto minha querida e amada amiga. Bjs no coração,

    Maria Isabel

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ousadia

Presentim de Natal

Horizonte de Eventos