Três Velhos Tristes
Ah, inclemente vírus que impinge à velhice um fardo ainda mais dilacerante. O ocaso da vida nunca é leve. Envelhecer nos torna frágeis de alma e de corpo. As carências afetivas são constantes. Sabemo-nos dependentes como fomos quando crianças dos nossos pais. Mas não há mais pais. Há os filhos e os netos, nem sempre por perto. Às vezes não existe ninguém, talvez um sobrinho, primos de segundo ou terceiro graus. Os medos dos monstros debaixo da cama e dentro do armário também estão lá como quando fomos crianças, porém, há a certeza de que eles não são mais do que a sombra da morte a nos espreitar, a falibilidade, a impermanência. Irei para o céu ou para o inferno? Lembrarão de mim com carinho ou destruíram minhas fotos? Brigarão pela minha herança ou farão as pazes que tanto almejei em vida? Ser idoso no Brasil nunca foi vantagem. Uma sociedade jovem, vaidosa e frívola não tem reverência para com a maturidade, com as rugas e com as artrites. Somos impacientes e ...