Você conhece algum detetive particular? Surpreendida com a pergunta da amiga, respondi: é sério esse bilhete? Juro que nunca havia parado para pensar em detetives de carne e ossos. Personagens sublimes de tantos autores: Poirot, Holmes, Espinoza, Miss Marple, Dupin, Mandrak, Maigret… Zilhões de filmes que vi e vejo, crimezeira assumidíssima. Imediatamente me lembrei da fase detetive de Rômulo. Era adorável, pois me amava loucamente, apesar de me deixar louca. Sherlock Rômulos, o rei dos questionamentos complexos. O aniversário de cinco anos do guri teve esta temática. O menino e suas ideias mirabolantes que precisavam ser materializadas com muita criatividade. Elaboramos mensagens criptografadas e espalhamos como pistas pelo quintal da casa da minha irmã. Quem decifrasse o código encontrava “pequenos tesouros” escondidos. O bolo tinha um Parabéns em criptografia elaborada pelo papai cientista. Na ocasião, ganhou uma pastinha com lupa, óculos escuros, bigodes falsos e outros apetrecho...
Os livros têm uma história além da história que contém. Objetos detentores de sua própria narrativa. Personagens que descrevem caminhos percorridos alhures, de mãos em mãos (afetuosas?); de olhar em olhar. Trajetos que às vezes perdem o registro do princípio. Qual primeiro contato terão estabelecido? De que cidade empreenderam suas jornadas pelo mundo? Por que partiram? Como chegaram até aqui? As folhas amareladas se desprendem. Lombadas carcomidas pelo cansaço dos anos, pelo esforço de abrirem-se ao escrutínio alheio, pedem gentileza. Já passaram da casa dos 50 e a existência deixou marcas indeléveis do percurso. Certamente não foi suave. Os livros podem sofrer de maus-tratos, de indiferença, de solidão. Buscam uma estante segura para manter a dignidade e a memória imortalizadas. Eles não diferem de nós. Baça, a lua me saúda enfadada da obsessão humana por sua figura. A aparição se deu na noite do meu aniversário. Sedento e faminto, um tanto esquálido, um fantasma com chiado dramáti...
Aguardo a sessão de terapia no segundo andar de um prédio com funcionalidades mistas, ou seja, pessoas vivem e trabalham por aqui ou exercem ambos os cotidianos no mesmo lugar. As portas estão fechadas. O corredor não é grande, quase familiar. Os únicos objetos a quebrar a monotonia do espaço são os capachos. Cada apartamento, cada sala tem a sua cara: a face estampada no tapetinho ao pé da entrada. Um convite, uma recusa? Pelo capacho é possível intuir a personalidade de quem habita ali detrás? O que os objetos que escolhemos falam de e por nós? lar doce lar um lar, um porto seguro, abrigo onde se reenergiza com cores quentes e alegres. É jovial, otimista. Nao abre mão de ficar em casa, arrodeado por memórias e por quinquilharias. Aldeia global Inquieto, vive no entre, between. Almeja chegar apenas para poder partir. Na verdade, parte ao entrar pela porta, aporta ao viajar. “Seu lar é onde estão seus sapatos.” Mas fique pouco tempo Polido, discreto, convencion...
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ResponderExcluirSua poeta linda!!! Bom-dia!!!
ResponderExcluirClaudia Valadares