"O espião que me amava"

Você conhece algum detetive particular?

Surpreendida com a pergunta da amiga, respondi: é sério esse bilhete?

Juro que nunca havia parado para pensar em detetives de carne e ossos. Personagens sublimes de tantos autores: Poirot, Holmes, Espinoza, Miss Marple, Dupin, Mandrak, Maigret… Zilhões de filmes que vi e vejo, crimezeira assumidíssima.

Imediatamente me lembrei da fase detetive de Rômulo. Era adorável, pois me amava loucamente, apesar de me deixar louca. Sherlock Rômulos, o rei dos questionamentos complexos. O aniversário de cinco anos do guri teve esta temática. O menino e suas ideias mirabolantes que precisavam ser materializadas com muita criatividade. Elaboramos mensagens criptografadas e espalhamos como pistas pelo quintal da casa da minha irmã. Quem decifrasse o código encontrava “pequenos tesouros” escondidos. O bolo tinha um Parabéns em criptografia elaborada pelo papai cientista.

Na ocasião, ganhou uma pastinha com lupa, óculos escuros, bigodes falsos e outros apetrechos do estereótipo investigativo e foi feliz por muito tempo até descobrir uma nova vocação. Rômulo flertou com tantos interesses antes dos dez anos, e, no uni-duni-tê da vida, agarrou-se ao clarinete.

Lembrei também das partidas de Detetive, clássico dos clássicos, cujo slogan era: o jogo de investigação acima de qualquer suspeita”. Adorava os desfechos 'elementares, caro Watson'. A verdade é que não sou uma jogadora de nada, mas me fascinava a planta baixa daquela mansão imaginária disposta no chão. “Foi morto na biblioteca com o punhal pelo mordomo”.

Hoje existe até app com realidade aumentada da brincadeira. Será que a criançada ainda curte?

Respondi à amiga que não conhecia nenhum tão bom quanto na literatura, mas me pus a investigar. Descobri que a profissão de detetive particular é regulamentada no Brasil pela Lei n. 13.432, de 2017, que define as atribuições, os direitos e os deveres do profissional, além de estabelecer as regras para o exercício da profissão. Jamais havia pesquisado sobre o assunto.

A atuação destes seres mitológicos engloba o planejamento e a execução de coletas de dados e de informações de natureza não criminal, desde que respeitadas a privacidade e a intimidade do investigado.

Verdadeira contradição, pois quem contrata um detetive quer pegar a pessoa no flagra do mau feito, né? Logo pensamos em traições amorosas sendo devidamente registradas pelos celulares.

Entrei em contato com outra amiga, da época da infância e que seguiu carreira na Polícia Civil. Não é que fui à fonte certa? Ela conhece um detetive real. Que coisa mais divertida! Agora tenho o zap dele. Precisando aí do outro lado, repasso, mas, de coração, espero que nunca. ;)