Dos filhos e da cidade
Observo a geração que não vê diferença entre o real e o virtual
alma alimentada de telas e de imagens,
imperturbável.
Quem se melancoliza sou eu.
Cultivo encontros e paisagens ao alcance do toque.
Atritar o cascalho, sorver o odor de nossa humanidade.
Vídeos e áudios, sentidos elementares.
Paladar, olfato e tato refinam a percepção.
Sutis, alcançam camadas densas.
Não suporto a previsibilidade da superfície.
alma alimentada de telas e de imagens,
imperturbável.
Quem se melancoliza sou eu.
Cultivo encontros e paisagens ao alcance do toque.
Atritar o cascalho, sorver o odor de nossa humanidade.
Vídeos e áudios, sentidos elementares.
Paladar, olfato e tato refinam a percepção.
Sutis, alcançam camadas densas.
Não suporto a previsibilidade da superfície.
Às vezes me sinto como uma médium: percebo a presença dos filhos jovens dentro de casa. Eles estão, mas não estão. Fantasmagoricamente, ouço o bater de portas e áudios distorcidos; músicas clássicas e pops dos anos 1980; vejo pratos sujos sobre a mesa e toalhas mal estendidas no banheiro; apanho papéis de chocolate que não comi caídos ao chão. Entretanto, ainda não consigo fazer contato com as entidades, sabe?
Moderna,
cobiça o barroco.
Concreta,
clama pelo adobe.
Planejada,
toma ares artesanais
do ferro fundido.
Cálculos estruturais
almejam a taipa.
Coluna Corbusier
sonha Antônio Francisco Lisboa.
Branca, cinza e verde
pinta a alma escarlate.
Pretensa tradição.
Realmente angustiado com essa molecada...
ResponderExcluirNão vejo um futuro promissor para as próximas gerações.
Raras excessões, todos vagam (ou entorpecem em suas telas) sem grandes aspirações para o amanhã...
Sei não viu?!
Oremos!🙏🏻
Rodrigo Holanda
Nossa! Perfeito o texto dos filhos! Esta é a (ir)realidade atual. “E no sexto dia Deus criou as mães”
ResponderExcluirKarol Simões
Perfeito, Lu!
ResponderExcluirBianca Duqueviz
Bom dia. Eles são como Pluft, o fantasminha: têm medo de gente. Mas não éramos assim também?
ResponderExcluirValdeir Jr.
Bom dia Lú, te entendo, as gerações estão se tornando superficiais, mal resolvidas, não gostam das longas conversas ao pé do ouvido. Escutei muito as comparações dos meus pais e acho que essa é grande transformação da Era de Aquário que estamos entrando. Lembro da minha tia e primo aquarianos de como viam e vêem a vida.
ResponderExcluirAdorei seu texto sempre muito sensível me levando á uma viagem nas minhas emoções.
Feliz dia de Reis.🥳❤😘🍀
Renata Assumpção
Esse contato com entidades adolescentes é pouco palpável mas cheio em valor… quando crianças papéis de chocolate dentro do sofá… depois eles ficam descarados e soltam em qualquer canto. Acredito que até ficarem adultos responsáveis, e colocar na lixeira!
ResponderExcluirMuito incrível esse texto Lu, sensível, reflexivo e muito realista…já posso comparar com a minha geração e a dos meus filhos e agora dos netos…algumas coisas se assemelham e outras , muito estranhamente diferentes🙏😍
ResponderExcluirCynthia
Amei! Retrata muito bem essa geração amaldiçoada pela tecnologia. 🤦🏻♀️
ResponderExcluirMonalisa Silva
O real e o virtual cada vez mais se conectam, assim como a ficção e a não-ficção, ainda mais para os nossos filhotes.
ResponderExcluirQue delícia. Parece que você está tomando um rumo mais poético, mais imaginário.
ResponderExcluirRe Osório