Elegias
"A distância, o céu aberto não podem mudar o amor que, embora longe, está perto, como a raiz junto à flor".
(Maria Tereza Maldonado)
Vovó Paula danada, não cumpriu a parte dela no nosso acordo: ela viveria até completar 100 anos, como as próprias tias centenárias.
Vou sentir tremenda falta desta casa de vó, de sua elegância e de sua cultura imensa. De obrigá-la a tirar fotos: "mas eu estou tão feia"... Nada disso, tá linda!
Aliás, em nosso último almoço juntas, o da caipirinha de maracujá, uma freirinha que passava vendendo terços lhe disse: "a senhora é tão bonita!".
Dona Paula, sogra que foi osso duro de roer, mas se tornou a mais tenra das companhias.
Adorava sua casa sábia de músicas clássicas, de livros, de fotos P&B, de histórias do vovô Agenor.
Seus maxi colares e seu bolo de nozes. Ah, e aquela torta de bacalhau maravilhosa das noites de Natal...
Corajosa e arrojada, pegou o avião sozinha para nos visitar duas vezes em NY. Sem falar nada de inglês, sem escutar direito, passou bravamente pela chatíssima imigração dos EUA.
Vai ficar sem graça registrar nossas viagens de agora em diante porque sei que ela não vai estar mais no FB, acompanhando tudo e dizendo: "ah, se eu fosse mais nova eu iria com vocês!"
Vovó Paula se formou em Odontologia numa época na qual, às mulheres, não cabia tanta ousadia.
Paula de Piratininga Assunção Mello era paulista, teve pai comunista, descendia de chineses. Não tomava leite, entretanto não vivia sem queijos, salames, torresminhos... E salivava por carne de porco.
Enfrentou um câncer de mama, ficou viúva com três adolescentes, não pegou Covid, tomou as quatro doses da vacina, era católica praticante, mas daquelas críticas aos dogmatismos arcaicos.
Coordenou grupos da Oficina de Oração e me alfinetava de vez em quando: "em que religião vocês vão criar os meninos?"
Amava dirigir e, por ela, estaria guiando até hoje, mesmo passando pelos quebra-molas sem enxergá-los. Ficava apreensiva, porém a velhinha não abria mão de levar Romulito para as aulas de equitação que ela pagou por muito tempo. "Não pegue o Eixão, vovó, vá devagarzinho pelo Eixinho mesmo".
Morria de saudades do banho de mar na praia de Atalaia, no Piauí de seu amado esposo e tinha muito afeto pelos parentes de lá também.
Era apaixonada pelo Parque Nacional da Água Mineral e nadava naquela piscina de pedras gelada antes das sete da manhã.
Leitora voraz de notícias nos jornais impressos e virtuais, afirmou: "eu vou sair para votar. Não é possível mais esse Bolsonaro. Faço questão!"
Que lindo, Lu!
ResponderExcluirSinara Pedroza
Uma figura ímpar! ♡
ResponderExcluirViva a Vovó Paula! Mando um beijão, Lulu! Passei o fim de semana pensativa com a morte dela, e a doença grave da mulher do Renato, meu primo. Estivemos em Mambaí desde quinta (voltamos ontem de tarde). O que será que essas pessoas me diriam, sabendo que tenho a idade e a saúde que tenho? Larga tudo e relaxa? Ou pisa funda em tudo o que te der tesão?
ResponderExcluirAndrea Bolzon
Owwww minha amiga, que linda forma de eternizá-la! Que texto. Não há espaço para pêsames numa vida tão rica de afetos que deixa lembranças incríveis. Não conheci a vovó Paula, mas me apaixonei por ela nas entrelinhas de seu registro tão belo. Que Deus a tenha no céu e que nós a tenhamos como exemplo a seguir por aqui Bjo no seu coração,
ResponderExcluirMônica Torreão
Muito legal, Luciana. Uma homenagem à avó dos seus filhos!
ResponderExcluirPaulo Magno.
Beijos com amor, Lu!
ResponderExcluirAdriana Tullio
Luciana, você é muito especial! Deus te dê abençoe sempre! Já estou com saudades da querida dona Paula!
ResponderExcluirInês
Com certeza, Lu! Lindo os textos. Que dona Paula descanse em paz!
ResponderExcluirLeila Cruz
Lindo texto, Lu. Lembro dos seus perrengues com ela como sogra, mas a habilidade de extrair o que ela tinha de melhor rendeu a vocês muitas lembranças lindas!
ResponderExcluirJuliana Neto
Já estava aguardando uma bela descrição de Madrinha,. Já quero mais, assunto pra vários artigos.
ResponderExcluirMaria Heloísa
Dona Paula eternizada na memória, nos corações e em seus belos textos, última vez que a vi, foi no aniversário do Tomás.
ResponderExcluirQue lindo, Lu! Dona Paula eternizada na memória, no coração e nos seus belíssimos textos!
ResponderExcluirDjelaine Castro
Lindo texto. Que incrível que você consiga expressar em palavras, com tanta facilidade, tanto sentimento.
ResponderExcluirAna Claudia Loiola
Massa demais essa dona Paula. Vai permanecer no nosso coração e nas nossas lembranças sempre.
ResponderExcluirMa
ExcluirAdorei, amiga!
ResponderExcluirMarisa Reis
Lindo, lindo!
ResponderExcluirRoberta
Lu, já estou com saudades das fotos da vovó Paula com os meninos nos feriados e finais de semana.
ResponderExcluirBianca Duqueviz
Vovó Paula já era da minha família também! Palmas para ela!
ResponderExcluirÂngela Sollberger
Belíssima homenagem querida Lu🤗🌸 é dessa forma que devemos lembrar dos nossos amados❤️😘Namastê 🙏
ResponderExcluirCynthia
Linda homenagem, Luciana. Gostei muito mesmo.
ResponderExcluirThoróh
Bela homenagem!!! 👏🏻👏🏻👏🏻 (Paula - Batatais)
ResponderExcluirMadrinha Paula, que não era minha madrinha, mas acabou sendo madrinha de todos em casa, era uma pessoa diferente, especial, muito querida e inesquecível!
ResponderExcluirSão tantas recordações que se eu tivesse o dom, também escreveria um artigo.
Também tive meus perrengues com ela, quem não? Mas o carinho e as lições superavam tudo.
Sorte de quem pode conhecê-la!
Abraço a todos vocês e meu carinho.
Kiki
Muito bonito o que escreveu, tia!
ResponderExcluirRenata Assunção
Viva a vovó Paula, grande mulher que com certeza vai deixar muita saudade. Meu carinho para vocês, amiga.
ResponderExcluirCecília Pereira
Vi uma foto dela mais jovem...era belíssima...e tinha um sorriso contagiante. tbm...
ResponderExcluirAmei!
ResponderExcluirCélia
Lu, minha querida, linda postagem! Um abraço amigo e verdadeiro,
ResponderExcluirAna Cecília Tavares
Lindo!
ResponderExcluirRaimundo Gomes
Que linda homenagem, Lu! Que os anjos recebam vovó Paula com muita paz e amor.
ResponderExcluirEliane
Passei tempos sem ver a Paula...A pandemia também nos afastou dos encontros com os amigos. Mas, com frequência, me lembrava dela... De nossos lanches à beira do Lago Paranoá, admirando a paisagem e falando de tanta coisa agradável! Nossos lanches em sua casa, que ela preparava com tanto carinho! E fazia questão de que ninguém do grupo faltasse. Gostava
ResponderExcluirde cultivar as amizades! Não podemos ficar tristes, porque partiu, mas felizes por tê-la conhecido, com ela convivido e por deixar lembranças que marcaram e enriqueceram a nossa história. Está, agora, na plenitude da vida! Silencio e Paz!
Puxa, Lu, lembro bem da sua presença elegante nas festinhas, sempre com um vestido amplo e olhos miúdos, sorridentes para os netos. E lembro também da evolução do seu apreço por ela... no início, antes de Tomás e Rômulo nascerem, as falas se referiam a uma mulher exigente, algo intolerante, sogra muito sogra. Mas, depois, creio que ambas foram ficando mais generosas e abertas às diferentes opiniões e modos de enxergar a vida uma da outra. Pena, Lu, é sempre uma perda importante; vai-se a pessoa e tudo ao redor. A sogra, a avó dos filhos, a mãe do homem, a casa e suas rotinas, lugar de encontros, ouvir histórias, ver coisas e viver momentos que já não são. Ficam as memórias e nosso trabalho de mantê-las acesas pelo carinho compartilhado. beijo,
ResponderExcluirIsabel Frantz