Odoyá e afins




Iconoclasta pela metade: adora imagens sacras e angelicais ao mesmo tempo em que almeja desmontar dogmas religiosos, opiniões estabelecidas e tradições sem pé nem cabeça. Não condena estátuas de santos, muito pelo contrário, fotografa, até coleciona. 

Também não se considera a antítese do destruidor de templos ou de altares. Poderia, então, ser definida como iconolatra? Veneradora de ícones? Sim, mas de meia-tigela. Nunca foi de fã-clube. Apesar de haver chorado em frente da Adélia Prado. Talvez desmaiasse na presença de Drummond ou de Quintana. 

Rosários, signos, símbolos, anjos. Ela tem apreço por objetos espirituais; por rituais e por ritos de passagem. Aqueles dos quais emanam a metafísica quase palpável. 

No caso dela, valia uma variação de Aristóteles: o homem é um animal político, mas também simbólico. 

Viajando nessa maionese, descobriu um filósofo alemão Ernst Cassirer (1874-1945), de inspiração neokantiana, autor de “Filosofia das formas simbólicas - A linguagem”, estudo no qual afirma: 

“O conjunto das formas simbólicas é uma maneira de o homem se auto libertar, num processo progressivo de compreensão da cultura, pelo mito, pela linguagem, pela estética ou pela ciência. O ser humano, por sua capacidade simbolizante, distingue-se dos demais animais porque edifica um mundo próprio a partir da criação de símbolos, a principal atividade humana, não podendo viver sem expressá-los. Uma vez dentro, ele não pode negar este mundo ideal que lhe propicia uma unidade fundamental na qual todas funções são complementares e interdependentes. O homem é um animal simbólico, que constrói sua existência pelas conjugações do “sensível” e do “intelectual”, expressas nas manifestações culturais, para atingir, por meio delas, sua tão almejada liberdade”.

Jamais imaginaria encontrar precisa definição acadêmica de si própria.


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