Transitoriedades







O sol escorrega pelas bordas do concreto feito calda caramelizada. Enche de ternura os olhos, aconchega como bolo de mãe. 
Enquanto isso, nuvens-garças debandam pelo céu azul esmaecido. Levam com elas a tarde de outono. 
É bom usar echarpe e mirar os galhos desnudos,  na tentativa de esperta o firmamento. 
Porque eles não desistem. Eles não se abatem com as incertezas do momento espantoso. 
Os homens se adaptam a quase todas as coisas: nômades da Mongólia, tuaregues do Saara, inuits do Pólo-Norte. 
Quase gosto dessa vida suspensa. Há menos ruído externo e mais filosofia. 
Entretanto, existe fome.
Faltam abraços e sorrisos sem disfarces.
Ausências as quais o espírito não se amalgama.

Comentários

  1. Que belezura de escrita!

    Cynthia Chayb

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  2. O que você escreveu é arte.

    Maurício de Queiroz Carmo

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