Querido Vina, saravá!
Sonho bom é aquele em que encontramos pessoas amadas separadas por miles away ou pela eternidade. Outra viagem onírica de primeira qualidade é aquela na qual estamos em lugares-pilares da nossa vida, sozinhos ou acompanhados. Como a amiga Ana Cristina, que tem um sonho recorrente com a casa de praia da família. No meu caso, é com a sede da fazenda da infância e juventude. Quando estou sem chão, ela costuma me visitar durante o sono.
Não é necessário fazer nenhum sentido para ser acolhedor esse tipo de sonho-terapia. Semana passada, sonhei com a amiga polonesa Agnes, que vive em NYC, na vizinhança de Astoria. Distantes uma da outra por mais de dez mil quilômetros de oceano e de terra; por culturas e línguas-maternas complicadas, conversávamos animadamente sobre N assuntos. Mas o que me fez acordar animada foi recordar que debatíamos, com muita propriedade, Vinicius de Moraes.
Ela não lê esses meus textos em português, claro. Já me pediu para vertê-los ao Inglês, nosso idioma comum, por isso lhe contei o sonho numa mensagem de áudio. Adorou o relato e quis saber mais sobre o Poetinha. Lá fui eu vasculhar traduções interessantes dos melhores momentos do velho Vina (que não está entre os meus favoritos, porém se intrometeu no sonho que rendeu a desculpa perfeita para entrar em contato com a amiga e escrever esse texto).
Como uma conexão telúrica puxa outra, eis que leio na revista da Gol (o marido trouxe da viagem a trabalho para BH), uma entrevista de Mart’nália sobre o seu último trabalho, todo dedicado às composições de Vinicius de Moraes. Que coisa!
Hoje, 11 de abril, é aniversário de Agnes e da tia-irmã Leila. Corri até o Spotify para conferir o referido disco da artista que nunca me chamou a atenção (gosto mais do pai dela). Ouço enquanto escrevo e tá bacaninha, tá bonito, tá gostoso. Enviei de presente - pelo zap - para a polonesa que, em 2001, se encantou com as músicas de Adriana Calcanhoto descobertas no apê de Larchmont/NY.
Ela também gostou de pão de queijo e detestou abacatada: “it´s too sweet”. E se surpreendeu pelo fato de havê-la acompanhado ao aeroporto quando foi embora - arrasada - de volta para a Polônia, pois já se tornara uma new yorker de carteirinha.
Ainda bem que ela conseguiu retornar aos EUA. Casou com um francês, teve uma dupla de filhos - Sofia e Hugo - e é cidadã da Big Apple, com seu justo green card. Agora, desejo que ela se aventure a conhecer o Brasil da amiga que faz coisas amalucadas “because she is Brazilian”.
Sonhos realizados, sonhos compartilhados. Sonho de seguir na vida entre amigos e reencontros reais e imaginários.
Ahhh, você! Gostei de estar nesse texto de sonhos. E amei a imagem também, me identifiquei. Quem sonha, dormindo ou acordado, tem o imaginário funcionando bem, e isto é balsâmico! Beijos
ResponderExcluirDeixei pra ler a crônica dentro do bus, na volta pra casa. Além do texto recente, mergulhei no blog e li várias outras... Tinha um tempo que não lia e achei impressionante como sua cabeça anda fervilhante e producente. Os textos não me impressionam mais: sempre tenho certeza que não serão nada mais que excelentes e inebriantes. Tipo série, que você vê um episódio e no final quer saber o que terá no próximo capítulo. Sugestão... Cria uma lista de transmissão e avisa sempre que postar logo novo. Assim os cabeças de vento como eu não ficam tanto tempo sem acessar.
ResponderExcluirJuliana Neto
ResponderExcluirQue dica excelente em mais um texto delicioso! Tive a alegria de descobrir que Marti'nália gravou um CD cantando o poetinha Vinicius de Moraes. Corri pro Spotify e lá estava a deliciosa a playlist.
Renata Assumpção