A gata de galochas
“Apenas o dormir ou não dormir, o acordar e o nada a fazer, além de ficar na cama pensando sobre os meus pés e os pés de toda a humanidade. Eu, que nenhum talento possuo, que passarei pela vida sem ter cometido uma grande obra. Sem ser herói ou assassino”. (Fernanda Young) Provável que seja cisma de pisciana, mas não gosto de sentir meus pés desprotegidos na chuva. Aliás, não sou muito de ficar descalça, a não ser na areia do mar, esse dínamo. Coisa que me assombra é ver a mulherada caminhando pela cidade molhada com sandálias de dedo. Que aflição! Elas se encapotam de casacos e calças como se estivessem no inverno em Toronto, mas deixam os pés de fora, como se fossem refratários ao frio que sentem nos braços. Faço exatamente o contrário. Para os dias chuvosos, prefiro vestir camiseta com bota. Meus pés de sereia canhota não suportam ficar ensopados e sujos com a água da sarjeta. Não pressuponham que eu não goste dos meus pés. Gosto até, não tenho nada co...