Portas Abertas





Seção de Expedição dá exemplo de engajamento social e recebe reconhecimento da Vara da Infância e Juventude 


Ele é gente que faz... A diferença! Seu nome é Sérgio Murilo e ele chefia a Seção de Expedição da Coordenadoria de Recebimento e Virtualização de Processos Recursais (CVIR). Há 11 anos no STJ, esse contador com pós em gestão empresarial já foi empreendedor, dono do próprio negócio até decidir fazer vários concursos e se tornar servidor do Tribunal da Cidadania. 

Entretanto, o espírito indômito parece não ter abandonado a vida de Sérgio, que desde que ingressou no STJ trabalha na Judiciária. Em 2007, foi chamado a assumir um posto na Expedição. Assumiu também um compromisso: acolher servidores assistidos pela Secretaria de Gestão de Pessoas (SGP). “Estabelecemos essa parceria para receber colegas dependentes químicos, profissionais viciados em álcool ou drogas”, conta. 

Exatamente porque já ostentavam um histórico de unidade-solidária, a SGP propôs a Sergio receber jovens em situação de vulnerabilidade social residentes no DF e assistidos pelo programa Anjos do Amanhã. Os estagiários de nível médio ficam no STJ por 4 horas e recebem bolsa-estágio como os demais recrutados pelo CIEE. 

Criado em 2006 pela Vara da Infância e da Juventude (VIJ), a Rede Solidária Anjos do Amanhã tem caráter voluntário e tem como missão gerar oportunidades para que crianças e adolescentes possam ter acesso ao pleno desenvolvimento físico, psíquico e social garantidos pelo ECA.

Justo reconhecimento

Sérgio topou o desafio e o primeiro jovem a estagiar na Expedição chamava-se Michael, 17 anos e uma história de recorrente violência doméstica no currículo. “A gente percebia que nos dias ruins em casa ele se tornava mais arredio e distraído. De qualquer modo, a gente tratava o Michael como qualquer jovem estagiário, ainda que eu precisasse rever todo o trabalho executado por ele”, ressalta o chefe. 

Michael trabalhou por nove meses separando cada processo físico por tribunal de origem. “Um belo dia ele desapareceu. Ficamos muito preocupados. Depois de muito tempo, a Vara conseguiu localizá-lo. Ele tinha fugido da família e não queria voltar para o estágio”, lamenta Sérgio. 

Mas o revés da experiência não esmoreceu o bem humorado carioca que vive em Brasília desde 1970. Na semana que vem, a seção recebe Mayara, 17, que mora num abrigo com os dois irmãos mais novos. “Mayara e os irmãos foram abandonados pela família. Já fiz a entrevista com ela e me pareceu bastante interessada na oportunidade”, garante Sérgio. 

Todo o empenho e comprometimento de Sérgio e sua equipe rendeu à unidade um “Certificado de Reconhecimento” expedido pelo juiz de Direito da Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal, agora orgulhosamente emoldurado, decorando o ambiente. “Sou católico. Para mim, é uma questão de caridade dar espaço para que os jovens sejam inseridos no mercado de trabalho. Exercitar o amor ao próximo me fortalece; me traz energia e paciência para enfrentar as dificuldades”, avalia.

Superação diária

E de dificuldades Sérgio entende. Em 2002, seu filho mais velho sofreu um acidente de jipe e ficou tetraplégico. “Ele fraturou a C2 e a C6 e não pôde mais ser o músico maravilhoso que era. Isso é o que deixa nossa família mais triste”, confessa. 

Todavia, filho de peixe, peixinho é. Murilo Rafael tornou-se advogado, passou em primeiro lugar para os cargos de técnico e analista do Tribunal de Contas do Distrito Federal e vai se casar no ano que vem com a garota que namorava desde antes do acidente. “Neurologicamente e psicologicamente meu filho é muito bem resolvido, ainda bem”, sorri Sérgio: pai coruja, de bem com a vida, generoso, casado há 30 anos e um exemplo de gente que faz! 


Comentários

  1. Me comove sempre histórias de pessoas que fazem a diferença... Parabéns, Sérgio! E parabéns, Lu pelo texto.

    Cynthia

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  2. História bonita, contada de forma humana por você. Me instigou a tentar ser melhor a cada dia.

    Juliana Neto

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  3. Desculpe-me pelo silêncio, foi uma indelicadeza de minha parte. Sua matéria superou em muito minhas expectativas. Revelou sua generosidade além de sua excepcional eloquência. Em tão poucas linhas, me conheci! Confesso que me senti importante!! Mostrei à família onde fui agraciado por todos. Isso me fez muito bem! Considero como um prêmio, pois aquilo que fazemos por prazer, dádiva ou caridade, intrinsecamente anônimo e sem preço, muitas vezes, não obtemos resposta. Mais uma vez peço-lhe desculpas. Fiquei meio sem jeito de me reportar à você. É uma característica minha mesmo, sem lastro, sem mácula. Estou mais acostumado com o silêncio e o anonimato, porém, como disse, faço mesmo a diferença!Muito obrigado. Elevo minhas orações a Deus, dirigidas a você e seus familiares.

    Abraços,

    Sérgio Murilo M. Lima

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