Party Paraty
Se o meu Riacho é fluente
Há de secar —
Se o meu Riacho é silente
Ele é o Mar —
(Emily Dickinson)
O passeio turistão de escuna pela baía de
Paraty é um microcosmo interessante.
Da velhinha cantarolando Legião Urbana à balzaca que pulou no mar pela primeira vez e dividiu sua emoção com a mãe - e quem mais quisesse ouvir - numa
chamada de vídeo.
O casal obeso e grávido dos mais apaixonados já vistos.
Famílias grandes, casais, grupos de amigos, quartetos.
As bat fotografias nas poses óbvias, mas também alguns registros esdrúxulos, como o de uma jovem fazendo a postura da ponte, de biquíni, no meio da areia, para o click da posteridade. (Só me lembrei da personagem possuída de O Exorcista).
Pagode por 5 horas (provação), rock pop por meia hora, já no retorno (evitou que eu pulasse do barco em atitude definitiva).
A água não se decidia: seria verde azulada ou azul esverdeada?
A ilha concedida a Amyr Klink, ao proprietário das duchas Lorenzetti…
O oOoOOh coletivo ao vermos os golfinhos.
Mojitos, caipirinhas e iscas de peixe.
Cabelos duros de sal, bochechas vermelhas de sol, cangas estampadas.
Os que obedecem e os que desobedecem as regras.
Francesas e cariocas.
Filhos felizes.
"Eu sempre quis escrever curto."
(Luís Henrique Pellanda e eu)
Durma com um barulho destes! Como é que dorme com tanta palavra pedindo a palavra?
Dorme nada.
Nada que nem peixe nas ondas das mulheres sagazes, sagradas:
Pagu, Rita, Elza, Gal, Adriana.
"Minha tia me deu Clarice Lispector para ler aos 9 anos de idade", revelou Calcanhoto.
(na mesma idade na qual conheci a escritora referência)
Minha mãe, mais macho que muito homem,
na lida da viuvez com sete piás.
Minha madrinha preta, rainha, corajosa, sozinha.
Desbravadora de uma capital em uma cerrado.
De seu útero não brotou semente, mas criou um monte de meninos de outras, inclusive essa que agora chora ao reverenciar mulheres soberanas.
Elas e eu não temos dono.
Temos voz.
para compartir
chegar e partir
da party Paraty
para ti
para todos
(nem tanto)
“Eu acredito que tem gente com um mundo todo dentro de si e gente com apenas um condominiozinho”
(Antônio Prata)
Comprei e troquei tanto livro na Flip que vou precisar de alguns anos extras aí, Deus!
Flip raivosa, cheia de marra dos periféricos. Flip feminista e feminazi.
Flip sem a presença dos medalhões da literatura “eurocêntrica”. Flip decolonizada…
Gostei? Gostei. Todavia não posso dizer que não senti falta de papos mais acadêmicos, tipo textāo, sabe? Conversas menos eivadas de ideologias identitárias.
Reproduzo aqui uma fala com a qual concordo 100%:
“As causas são inequivocadamente justas, como combate ao racismo, à lgbtfobia e ao elitismo. Mas é como se a minha verdade enquanto negro, enquanto LGBT, enquanto periférico, bastasse para dizer que meu livro é bom”.
(Ricardo Aleixo, um dos que perdi, que pena!)
Gosto de aprender com pessoas trilhões de vezes mais cultas do que eu. E o fato é que tem autor/a pegando carona nessas hashtags para fazer manifestos, não literatura.
Essa edição foi pensada por jovens mirando os jovens. Nada contra, mas já do contra, acho o etarismo uma praga contemporânea.
Como foi a primeira vez na festa, procurei seguir a programação oficial. Assim, passei batido em algumas ótimas participações.
Seria bacana se houvesse uma espécie de sinopse de todas as atrações disponíveis, um site Flipāo.
Em resumo, o saldo foi positivaço. (mantenhamos os superlativos).
Flipou !!!
ResponderExcluirShow
ResponderExcluirBom ver seu crescer e aproveitar o máximo.
ResponderExcluirMaravilha Lu! Delícia de textos!👏🏻👏🏻🩷
ResponderExcluirFátima Venceslau
Tenho certeza de que foi uma experiência incrível!!! um eventaço🤗
ResponderExcluirCynthia 🙏😘
Como gosto dos seus textos...me identifico muito!
ResponderExcluir❤️❤️❤️
ResponderExcluirAdorei ler seus textos
ResponderExcluirCriativos e bem escritos
Memórias da flip eternizadas
Viva a literatura ❤️
Raiza Figueiredo