Ternura mamífera
21 era o número da casa assim como o número de gatos (quase). Isolda, Marta, Murilo, Jonas, Rute - tão franzina -, Wanda Samyra, Euzébio, Ernesto (Tinho), Zé das Gavetas etc.e tais… Uma casa comprida, vazada e recortada em muitos cômodos como eram e ainda são as moradas daqueles interiores do Brasil de dentro. Ali, no vale do Rio Vermelho, nos escondidos de Goiás, os corações também são vermelhinhos. Estrelas vermelhas se espalham em canecas, telas, camisas, livros. Gatos por todos os lados na vida militante de Ana e de Fábio, numa harmoniosa república esquerdista humana e felina. No balaio do quintal, filosofia, cozumel, churrasco, violão, chuveirão, gatos malhados, embolados, tricolores, caramelos, pequenos, grandes, ariscos, contidos, afáveis. Papos utópicos, sorrisos desmedidos, piadas e desabafos. Na cozinha confusa, ovos mexidos, revueltos. Paella e strogonoff se articulam no cardápio político. Bichanos semi encobertos por almofadas, tombando os cestos, embaixo das mesas, à porta...