Nos campos da serra

Por -


Em repouso os instrumentos são, quiçá, mais belos,

repletos de expectativas,

prenúncios de prelúdios.

Quais mãos virão resgatá-los da

latência? 

Jovens, anciãs, trêmulas, seguras…

Quem lhes despertarão do descanso mudo

com o toque preciso,

lascivo,

penetrante

a provocar gemidos 

agudos,

contidos 

nos bojos submissos, passivos?


Carícias ensaiadas.





Nutria agonia pelos pés

desnudos.

Não por vergonha ou pudor:

sutis são os pilares instáveis 

que a sustentam.

Gastura, desgosto, desprazer

em caminhar descalça.

Temperatura e textura do chão 

estranhas à sereia trôpega.

Protegia os pés feito gueixa,

condicionada à castração. 

Pé ante pé trilhou o sendeiro 

da liberdade.

Desfez-se das gazes invisíveis

(germes também são microscópicos).

Tocou o solo com a ponta dos dedos,

sentiu a tensão de corpos estranhos no seu.  

Sola-solar,

planta nos pés.

Enraizou-se ao centro da terra. 





Cores locais


querência

arroio

piá

capazzz

báh

tchê 

30 com 25

13 com 60

judiaria

mondongo

plátano

lancheria

guria

erva

cuia

cuca

campos de serra

Ana Terra!




Gramado 

verde 

lilás

pontiagudo

florido

fantástico

elegante

clássico

natalino 

germânico

formaggio

fondue

antigo

contemporâneo

burguês

atemporal 

francês

cuca 

hortênsias 

cuco

Kikito

chocolate

suíço

cinema

brasileiro


Comentários

  1. Anônimo13 de fevereiro de 2023 às 21:06

    Penso que quando o poeta escreve, ele simplesmente se expressa , com seu olhar da realidade, e sem se preocupar se será. compreendido , cabe a nós leitores , simplesmente sentir sem nem mesmo querer entender…fui só sentidos🙏🥰

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  2. Anônimo13 de fevereiro de 2023 às 21:07

    Cynthia 👆

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  3. Anônimo14 de fevereiro de 2023 às 10:03

    Gostei, poetisa
    Organizadora de letras nos papéis em branco, nas telas espelhadas à espera de linhas inspiradas 😜
    Kkkkk sem beleza, mas saiu da minha cachola desarrumada
    Pra minha friend, the best

    Márcia Romão

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  4. Anônimo14 de fevereiro de 2023 às 10:03

    Bem vinda, sempre!✍️
    A cada vez que leio algo seu, me banho de beleza estética, duma que flui de fonte serena, água viva e percepções delicadas. Esse poema dos instrumentos, oh ... Quantas ressonâncias!♦️

    Luiz Martins

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  5. Anônimo14 de fevereiro de 2023 às 10:04

    Estávamos com saudades. Adorei, Lu!

    Renata Assumpção

    ResponderExcluir
  6. Anônimo14 de fevereiro de 2023 às 15:35

    Parece uma chamada à criação de coautores. Achei legal porque você pensa, a gente imagina e juntos escrevemos.

    David Santos

    ResponderExcluir
  7. Anônimo15 de fevereiro de 2023 às 08:58

    Lindo, lindo. Amei esse primeiro poema. Uma linguagem criativa e original.

    Maria Félix Fontele

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  8. Anônimo20 de fevereiro de 2023 às 19:47

    Vc é muito top, LuA!! Seus textos estão cada vez mais poéticos!! Amooo!!! 👏👏👏👏

    Luciene Miranda

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  9. Anônimo21 de março de 2023 às 09:44

    Oh meu Deus, que reflexão mais linda! Tocou fundo minha alma. 🔥

    Maria Aparecida Ramos

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  10. Anônimo21 de março de 2023 às 09:45

    que lindo!

    Marina Mello

    ResponderExcluir
  11. Anônimo20 de abril de 2023 às 10:47

    Gostei imensamente dos (germes também são microscópicos) e o final Enraizou-se ao centro da terra ou Terra, não sei, justo no final, como se fosse o pé do poema. Nem sei se vc fez essas conexões, mas, para mim, bateu assim. E gosto de me deparar com algo inusitado como os germes. Me surpreende muito.

    Re Osório

    ResponderExcluir

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