Evoé, velhos artistas!
O que vamos fazer sem a certeza de que eles apareçam com uma nova obra-prima no raiar de um dia nublado?
Já caminham para as oito décadas de andanças neste mundo, o mais espantoso, nesse país onde não se dá muita guarida aos poetas.
Chico, Caetano, Milton, Paul, Paulinho, Gil, Rita, das fitas gravadas da minha irmã mais velha.
Infinitas reinvenções de si mesmos, fênix(es) da originalidade, cupidos sempre hábeis em nos fazer (re)apaixonar pela beleza do Brasil fodido, estropiado, falido.
Renato surgiria 40 anos depois e já se foi. Deixou uma legião de súditos saudosos de acreditar na revolução dos jovens.
Entretanto, essa garotada de 80 é que efervesce; segue quatro décadas adiante do próprio tempo. Cantam e decantam o maldito país das atrocidades, paralisado num relógio sem corda que não ata nem desata, emperrado no futuro do pretérito.
Mas se a sina da nação é repetir o passado, a deles é a de nunca nos enfadar a cada verso.
E se a sociedade retrocede, eles avançam na provocação, recriam um fado, entoam um rap, subvertem o compasso.
Dirão os otimistas que outros alquimistas surgirão. De feitio e medida compatíveis e comparáveis aos gigantes, no panteão da pátria fratricida.
Duvido. Regozijo-me, pois, em coexistir junto aos deuses da MPB.
Um dia sei que estarão mudos e deles seremos eternos devotos.
Muito bom!
ResponderExcluirChico, o caçulinha deles, foi meu predileto desde os festivais na década de 60, mas quando fui ao show do Milton no Ibira no começo da minha adolescência no inicio dos anos 70 e escutei aquele vozeirão ao vivo, depois o ginásio no escuro com os isqueiros acesos cantando Travessia pra ele, roubou meu coração. Quando o vejo atualmente me parte o coração, deveriam ser eternos. A década de 70 foi a melhor de shows, eles davam mil shows, todo final de semana ia em 2, quanta riqueza musical. Domingo Chico fez 78 e quinta Ivan Lins que também amo. Viva a MPB.
Renata Assumpção
Nossa, que texto foi esse? Que lindas palavras... Sim, eles conseguiram fazer a gente continuar sonhando que um dia "vai passar".
ResponderExcluirNazareth Pinheiro
Sábios, deuses, orixás, alquimistas... Duvido também que surjam outros assim. Que bênção ainda tê-los nos encantando com suas obras-primas que trilharam e ainda trilham nossas vidas. Maravilha de texto, Lu!
ResponderExcluirCynthia Chayb
Muito bom!
ResponderExcluirCecília Pereira
E no meio desse caos vem Chico:
ResponderExcluir“Que tal um samba?
Puxar um samba, que tal?
Para espantar o tempo feio
Para remediar o estrago”
Só assim pra a gente suportar…
Sentirei muita falta deles.
Beijos, Lulu!
Rosinha
Muito, muito bons! E, eu, que os ouvi lá nos anos 80, os considero fundamentais.
ResponderExcluirPaulo Magno
Meus ídolos!
ResponderExcluirTexto lindo, Lu.
Certa feita Fernando Pessoa disse que: “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” Lendo o seu brilhante texto , eu diria que só de ter vivido, visto e ouvido esses grandes poetas, já valeu a pena ter nascido.
ResponderExcluirAdriano Schulc
Sim, quando se calarem para este mundo, o silêncio rugirá! Meus ídolos!
ResponderExcluirClau Beck
Muito interessante essa questão, Luciana. Chico, Gil, Caetano são nossos grandes artistas. Acho que vai demorar séculos até aparecer uma outra geração tão qualificada como essa.
ResponderExcluirJailton
Lindo
ResponderExcluirA-do-rei, Lu!
ResponderExcluirSuely Touguinha