Limbo
Experimento a inércia do motorista de táxi parado no ponto (morto). Anseio pela chamada, rodar a engrenagem. A quadra já não me cabe. Procuro outra natureza. Caminho a esmo no ermo. A cidade está enfeitiçada por um calafrio quente: faz os poros pingarem atrás da máscara. Tudo agora está escondido sob o véu do imponderável. E da distância segura. Até onde há prevenção contra as plagas do isolamento e do limbo na paisagem envolta em sóis e luas incansáveis? Acho que prefiro ser uma árvore quando morrer. O rio e o mar apraz mirar. Mas uma existência líquida, fluida: armadilha. Preciso de raízes para evitar o escapismo de um espírito travesso. Braços-galhos; mãos-gravetos esqueléticos durante o inverno implacável. Embora seja rascante a decisão: conhecer o deleite das quatros estações enquanto sequoia, implicaria postura temperada, sóbria. O abandono da exuberância atlântica; das maritacas, bromélias e dos palmitais. Delírios, pensamentos-pássaros na tarde de verão. Hoje,...