Infinitas versões de "O Reizinho Mandão"


só que não...

Tenho profunda impaciência com os pais de hoje em dia. Me sinto completamente na contramão de quem coloca o filho em um pedestal de superproteção e mega importância. Meus filhos são guris do Brasil, mais dois entre milhares. Sim, eles são fundamentais em minha vida, mas ainda não são imprescindíveis para o mundo e talvez nunca serão. Não os considero mais especiais do que outras crianças no planeta Terra e nem ajo para que eles assim se julguem. 

Que coisa medonha rola hoje em dia com essa meninada sem limites, sem humildade, sem noção... Fruto da deseducação de pais como o que eu tive o desprazer de esbarrar no CCBB na sexta-feira passada, quando levava minha doce amiga de Curitiba para um passeio memória afetiva. 

Percebi uma altercação dentro do brinquedo que meus filhos chamam de minhoca. Lá cheguei para averiguar a situação, uma vez que tenho consciência plena de que Rômulo nem sempre é bem compreendido em sua vulcânica maneira de ser. Achei que ele estivesse arrumando alguma confusão com a filha da minha amiga, mas ele prontamente esclareceu: 

- Não, mamãe, não é a Catarina. Esse moleque aqui, ó, está atrapalhando a gente! 

Nisso, surge um pai alterado até a raiz dos cabelos e grita para Rômulo: 

- Se você tem alguma coisa pra resolver com o meu filho, você vem falar comigo! 

Como é que é? Quase não acreditei naquilo... O cara veio tirar satisfações de “igual para igual” com um menino/moleque de 8 anos? 

Tentei relevar a cena explicando que os meninos já estavam se entendendo e que isso era para ser resolvido entre eles. No que ele me disse: ah, não sabia que você era a mãe dele. Ou seja: o que isso quer dizer? Que se eu não estivesse ali, aquele pai desequilibrado teria pegado meu filho pelo gogó? 

Para piorar sua condição patética, o cara vociferou: “fale para o seu filho não chamar o meu filho de moleque! 

Bem, não sei que espécie de trauma pode levar um sujeito a sair do seu banquinho debaixo da árvore e ficar ofendido porque uma criança de 8 anos chamou outra de 7 ou 6 de moleque. “Mas mamãe, eu não sei qual é o nome do menino, como é que eu ia chamá-lo?”, tentou se defender um confuso e acuado Rômulo. 

Sim, Rômulo, para alguns pais neurotizados e dementes, uma criança não pode chamar outra de moleque porque deve ser politicamente incorreto, agressivo ou abusivo. Enxergam maldade e segundas conotações em tudo que rodeiam seus “preciosos” filhinhos insuportáveis. Pois não há a menor dúvida de que o tal filho do "civilizado" era insuportável. Foi a própria filha da minha amiga, a serelepe Catarina, que pôs um ponto final na questão: 

- Aquele menino estava nos perturbando, mamãe! 

Ainda bem que o pai levou o garoto embora do brinquedo. Entretanto não sou inocente. Sei que estou cercada por esses pais classe média idiotizados que devem ter lido o “O Reizinho Mandão” (inclusive para seus filhos na hora de dormir), mas nada incorporaram da moral da história ao criar seus filhotes da arrogância. 

#Cansadadetantababaquicecareticeeesnobismo! 



Comentários

  1. Falou tudo. Ando esgotada também com esse tipo de gente. E ainda tenho que aguentar alguns dizendo que não ligo para crianças. É verdade, não do jeito doente deles.

    Ana Claudia

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  2. Caramba, que ridículo esse cara! Pior que não é só com classe média ou alta... na escola pública pais chegam gritando, achando que podem mandar na escola e em seus componentes... nós, educadores, na visão deles somos somente seus subalternos... antes de chamar algum pai ou mãe para conversar sobre seu filho, eu pergunto à coordenação: eles são malucos ou dá prá trocar uma ideia civilizadamente?

    Patrícia

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  3. Que mundo vamos ter daqui a alguns anos?! Preocupante! Esse foi um dos motivos que me fez não ir a frente na minha profissão de formação, a pedagogia.

    Anna Luíza

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  4. Dificil viver nessa sociedade que as pessoas mais velhas perderam ou nunca tiveram respeito, concordo com você em tudo, infelizmente, falta educação e muita educação.

    Renata

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  5. Falou tudo amiga, e isto mesmo que acontece.

    Cecília

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  6. Curti mil vezes!!!! Tbm não tenho paciência pra essas neuroses....

    Marina Caldana

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  7. Indignada, estupidez...e pra mim vc foi muito civilizada!

    Cynthia

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  8. Concordo com a Cynthia! Você foi muito calma! Deve ter ficado sem reação diante de tamanho absurdo!

    Ceci

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  9. Nossa Lu! É um Bambambam..

    Patrícia Ayres

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  10. Assim caminha a humanidade, Luciana...

    Severino

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  11. Adorei as observações. Estamos criando um mundo de adultos doentes. Que não sabem o que é dor ou frustração. Que o papai e mamãe resolvem todos os problemas. Aliás, basta olhar em volta e percebemos diversos adultos de 25 anos que são exatamente assim, que a mãe prepara o leitinho para eles antes de dormirem. Fico com o estômago revirado de ouvir histórias como essa que você narrou. Faço o possível para fazer os meus entenderem que a vida não é fácil, que devem se virar sozinhos, que podem descer e andar na rua sozinhos, que papai e mamãe não estarão aqui para sempre. Fazer, e não somente falar. Por em prática. Ontem encontrei uma amiga cuja filha, de 26 anos, ainda mora com ela, está no segundo curso superior e não trabalha!! E aí, se ela morrer de hoje para amanhã? Se esses "meninos"perderem os pais de uma hora para outra? ficarão iguais aos nossos, que têm 11, 13 anos...
    Vamos continuando, trocando experiências, e teimando para não sermos engolidas por este mundo bizarro...
    Bjs!!

    Ana Claudia

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