Billy Elliot de Taguá




Tendo a lua, aquela gravidade aonde o homem flutua
Merecia a visita não de militares,
Mas de bailarinos
E de você e eu

(Herbert Vianna)



O que a Dança tem a ver com o Direito? Para Carlos, estagiário na Seção de Atendimento ao Cidadão (Seaci), a resposta seria: tudo! O novo aprendiz do setor é bebê também na idade, acaba de completar 19 anos, mas faz balé clássico desde os sete. 

Brasiliense, morador de Taguatinga e estudante de Direito no Iesb, aprendeu a amar a dança na própria família e também na igreja da qual participa. “Eles ficavam entre o incentivo e o preconceito, mas aqui estou eu, fazendo aulas de balé até seis vezes por semana”, conta Carlos, que tira a discriminação de letra: “Gostaria de saber se existe um bailarino que nunca sofreu com isso. Sinto que é requisito para viver da dança, mas a verdade é que nos deixa mais confiantes, melhores”, pontua. 

Acredite, porém para Carlos, o maior desafio do mundo do balé é lembrar a coreografia: “Digo isso porque às vezes a dança tem cinco, seis minutos e são muitas as variações, mas a dica é ficar tranquilo. Outro desafio gigantesco é juntar tudo: coreografia, cenário, seus sentimentos, seus parceiros, para parecer o mais real e sincero possível. Isso sim é difícil!”, avalia. 

Carlos costuma se apresentar com o grupo da academia de balé que a tia formou em Sobradinho e já se aventurou pelos palcos de Belo Horizonte, para um curso intensivo de dança com duração de um mês. 

Mas e o Direito, onde entra nessa história? “É super paradoxal unir Direito e Dança, as pessoas nunca entendem. Nem eu mesmo entendo”, ri. “Mas tenho certeza de que a dança é vocação, então não consigo abandonar. Como eu disse para uma amiga, o balé grita e canta em meu coração, mas entre a perfeição da arte e a garantia de uma profissão sólida, acho mais fácil estudar para a magistratura, pois viver de dança no Brasil é bem difícil”, ressalta Carlos. 

E assim segue nosso trainee, pelos bailes da vida e sonhando alto: “A magistratura é o foco atual, mas como o balé nunca vai sair de mim, serei um grande juiz bailarino! Espere para ver as manchetes dos jornais: “Juiz brasiliense divide o tempo entre o Direito e as sapatilhas”, brinca. 

Que os holofotes brilhem para você, caro Carlos! Siga os saltos de Nureyev, Nijinsky, Baryshnikov, Bujones ou ainda de Thiago Soares, o brasileiro que hoje é primeiro bailarino no conceituado Royal Ballet de Londres! 

Da minha parte, espero que você desista dos processos pelas longas horas de ensaio. Para alguém que sonhou por tantos anos em seguir a vida bailando, é inconcebível pensar em talentos desperdiçados! A humanidade precisa muito mais de dançarinos do que de advogados!


Comentários

  1. Ahhhh, Lu! Muito legal! O Carlinhos é 10! Já é "nosso" pupilo! Todo sucesso do mundo para ele mesmo! E você está certa: "A humanidade precisa muito mais de dançarinos do que de advogados! :)

    ResponderExcluir
  2. Sim, prima, a humanidade precisa muito mais de artistas. Não penso em arte como profissão, arte é ofício, porque quem faz não pode não fazer. É vital.

    Alessandro Brandão

    ResponderExcluir
  3. A humanidade precisa muito mais de dançarinos do que de…políticos.

    JRaimundo

    ResponderExcluir
  4. Bom Dia querida Luciana! Legal! Adorei! Brilhante! Você e e o bailarino! Grata por mais este texto maravilhoso! Novamente escrevi um comentário na sua página mas na hora de publicar, não deu certo, pede aquela senha que não acerto.
    Então voltei aqui para lhe agradecer, cumprimentar e lhe dizer que acredito totalmente: Quando a Arte imperar, nem precisaremos mais de tantos magistrados, advogados, delegados, policiais, etc......
    Mais Arte!Menos Violência!
    Abreijos, que você e o bailarino possam viver totalmente de suas vocações naturais, aquelas que estão no mais íntimo de nossas almas, e que, assim, sejam felizes para sempre.

    Carinhosamente,

    Guti.

    ResponderExcluir
  5. Tô aqui pra que vc Lu transmita ao Carlos meu desejo de que ele absolutamente não desista do seu sonho, acredite que tem todas as qualidades de um bailarino pulsando em sua Alma, dançando a dança cósmica, e se ele verdadeiramente se conectar de corpo e Alma com o seu dom, o Universo inteiro conspirará para o seu sucesso e lhe suprirá do que ele necessitar, que ele tenha fé e tudo, tudo se realizará..Namastê!
    Cynthia

    ResponderExcluir
  6. Lu,

    transmita ao Carlos, estagiário, meus votos de sucesso, se concluir que na dança será realmente feliz, na dança. Se por acaso os caminhos da vida mostrarem que a magistratura trará para ele a satisfação do dever cumprido, a alegria de contribuir para uma sociedade mais justa, que seja na magistratura. Mas que acima de tudo, busque sempre ser feliz. Porque o mundo precisa sim, de mais bailarinos, de mais artistas, de mais gente feliz...

    Bjs,

    Ana Claudia

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Ousadia

Presentim de Natal

Horizonte de Eventos