As Mães da Praça da Vida





Pois então, esse turbilhão de emoções. KKK!! Lembrei agora do hilário livro de Humberto Werneck: “O Pai dos Burros – Dicionário de lugares comuns e frases feitas”. Passei mais de hora me deliciando com tudo o que não devo escrever, se prezo tanto a escrita. O argumento óbvio pode até sair charmoso, tudo depende do talento para descrevê-lo. Entretanto, a linguagem óbvia mata qualquer texto. 

Mas o que sinto agora pode ser também comparado a outro clichê: montanha-russa de sensações. KKKK! Eu rio para não chorar. Ou eu choro e rio ao mesmo tempo. Ah... Como qualquer sinal de alerta com os filhos põe os pais atarantados. Bastou a escola aventar a possibilidade de o caçula sofrer de TDAH, para que o meu mundo não caísse, porém, ficasse bastante convulsionado. 

Não que fôssemos alienados e não percebêssemos as especificidades do nosso leãozinho: impulsivo, irritadiço, ligado na tomada. Mas quem disse que a gente quer que outra pessoa coloque o dedo na nossa ferida? Como somos orgulhosos! Pais, mesmo os que agem de forma aberta e bem informada, também sonham com a perfeição de suas crias. Defeito de fábrica faz sangrar o coração da mamãe. 

Não sabemos de nada ainda. Não existe nenhum diagnóstico fechado. A peripécia da investigação apenas iniciou seu curso cansativo e oneroso. Do dia para noite, minha cabeça estava lotada de indicações de neuropediatras, psiquiatras, homeopatas, terapeutas... A tensão é corrosiva. 

Desabafei no Facebook: esses neuropediatras estão completamente loucos! Estão crentes que são as novas estrelas de Hollywood da Medicina. Um deles cobra 600 reais a consulta! A outra, 450, e só tem vaga para setembro! Haja exploração do desespero dos pais. Tô começando a acreditar em teorias da conspiração: conluio das escolas que querem lobotomizar crianças fora da curva + médicos inescrupulosos = Máfia do TDAH! 

Rapidamente uma teia de carinho se formou ao meu redor. Minhas mais velhas amigas me ofertaram palavras de apoio. Minhas mais novas amigas também. As pessoas compartilharam comigo suas dolorosas experiências pessoais. Comovi-me. E ratifiquei o que já pensava há algum tempo: a rede é boa quando somos francos com ela. Quando não perdemos nossa identidade inventando avatares. 

Também confirmei outra teoria pessoal: a de que as mães formam um clã muito especial. Mexeu com o filho de uma é como mexer com o filho de todas. As mães não são indiferentes às dores dos filhos alheios. As mães que me conhecem, vieram prontamente em meu socorro. Como um raio, me responderam com suas opiniões, seus colos, seus contatos médicos, suas paciências, seus textos pesquisados sobre o tema e, sobretudo, suas disposições em ouvir mais uma mãe que sofre, apresentando sugestões e possíveis soluções. 

E no meio dessa máquina de lavar Brastemp turbinada, meu filho está atento: “Mamãe, quando a gente morre, a gente fica calmo, né?” Ai, que faca no peito! “Não é dessa calma que a mamãe precisa, meu filho. E nem você. A mamãe quer você bem vivo como você é.”

Isso! Nesse ponto, temos certeza: não vamos lobotomizar nosso filho. Ele vai continuar vivaz, surpreendente e inteligente como é. Não vou comprar a saída fácil. Que eu sei que não é fácil também. Quem sou eu para julgar? Já tomei remédios contra a depressão. Engordei cinco quilos em seis meses. Mas foi salvador. 

Não sou uma xiita contra a alopatia. Contudo, não posso mergulhar na tentação de transformar meu filho em alguém pasteurizado porque assim ele se tornará palatável. Descerá redondo em qualquer ambiente. Agora, mais do que nunca, (outro chavão a empobrecer o meu argumento), preciso buscar a tolerância que nunca tive para defender a unicidade de Rômulo. 

O garoto não tem problema de aprendizagem, ao contrário, está até adiantado. Cognitivamente, ele é nota 10. Todavia, é elétrico, esquece livros, estojo, o que precisa ser feito daqui para ali. Talvez seja realmente hiperativo. Como cansa! Fadiga a mim, quem dirá os professores e os coleguinhas... O que mais me atemoriza é que ele seja estigmatizado. “O Menino Maluquinho” no mal sentido. Hoje, parece que ninguém está disposto a conviver com um peralta clássico. 

Por isso, estamos na busca e, com a ajuda dos valiosos amigos, vamos encontrar o caminho mais lindo para o meu pequeno aventureiro. 

Obrigada!



Comentários

  1. Lú, minha querida,

    só agora percebi que o texto de ontem era uma aflição sua. Já passei por esse problema duas vezes, como narrei na sua página do face. Mas, minha prima, o que posso te dizer é o seguinte: Somos muito mais especiais.

    Você notará isso durante o caminhar do seu filho lindo e sensível. Pessoas com déficit de atenção tem um pé aqui e outro lá, onde é o lá??? No
    outro mundo, no mundo das sensações, das emoções, das percepções...

    Leia sobre crianças índigos ou cristais, veja em qual perfil o doce Rômulo se encaixa e
    não deixe a escola interferir nesse perfil dele. Escolas não estão preparadas para seres
    evoluídos. Você fará uma viagem deliciosa no mundo da fantasia, das sensações, das emoções...

    Não fique preocupada com isso. Agora vou dar minha opinião sem que você tenha pedido (sou intrometida mesmo rsrs): não dê droga alguma pra ele. Bom, você como mulher de cientista
    deve saber que Einstein tinha o mesmo problema.

    Crianças com esse diagnóstico são mais inteligentes que as demais, você vai perceber a
    rapidez de raciocínio dele, da facilidade fora da média para assimilar conteúdos, mas a dificuldade em demonstrá-los, da teimosia que são características.

    Como te disse, sou portadora desse déficit, (humilde eu rsrs). Mariana também, ambas temos um pouco de dificuldade de fazer provas... Nunca dei valor as notas e, sim, ao conteúdo e sempre soube que minha filha tinha o conhecimento acima da média em relação à classe, mas suas notas sempre foram aquém. Trabalhei com ela no sentido de não deixar que sua autoestima baixasse e a desestimulasse do caminho do saber.

    Nunca entrei na paranoia de ficar comparando notas. Você perceberá que ele terá dificuldade em desativar o pensamento... Nossa, como minha mente borbulha em idéias! Já deve ter percebido que não paro de falar rsrs.

    Boa sorte e no que precisar estou à disposição. Duas confidências: a primeira, quando comecei a ler o que você escrevia sobre o Rômulo, comentei com a Nana. Ele faz parte do nosso time. A segunda: Pedro também pertence ao mesmo universo. Já falei para a Nana se preparar para frequentar, de forma assídua, o departamento de orientação da escola, da mesma forma que meus pais frequentaram muito. E Romeu e eu também.

    Bjcas,

    Renata.

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  2. Lu,

    filho de GÊNIOS é GENIAL. Que missão maravilhosa que vocês receberam.

    Davi Doss

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  3. Você vai sentir em seu coração, na convivência diária com o yoguinho Rômulo o caminho a seguir...sem interferências, de educadores( eles não estão preparados para lidar com seres especiais) e nem tampouco os neurologistas, que após diagnóstico investem em drogas,penso que não seja por aí.Rômulo, assim como muitos sereszinhos encarnados nesta Terra de meu Deus, incluo também meu neto Luã,são crianças "índigos", nasceram com um chip diferenciado, e têm o seu modo especial, diferente mas normal de ser...abençoados sejam,ele e todos que tiverem a oportunidade de conhecê-lo.
    bjão!Namastê!
    Cynthia

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    Respostas

    1. Obrigada, querida superteacher Cynthia!

      Com certeza, Romulito é mesmo especial. Não é porque é meu filho não. É porque é. Todo esse debate e esse carinho me ajudaram bastante. Agora, entendo melhor o meu próprio filho. Estou aberta para ser mais compreensiva, menos cobradora e massacrante. Agora vou experimentar deixar fluir e ver no que é que dá.

      Um abraço apertado para os queridos leitores que me confortam e que gastam um pouquinho do tempo precioso para ler minhas histórias!

      Lulupisces.

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  4. Querida Luzinha,

    o Transtorno de Aprendizagem, com ou sem hiperatividade, tem que ser muito bem diagnosticado. A Bruna era uma espoleta, dava uma canseira horrivel na gente, mas com o passar do tempo, passou! O verdadeiro hiperativo continua assim por toda a vida, se não cuidar. E esse cuidar é necessário qdo ele sofre, se sente prejudicado em seu trabalho, no social, em casa, como também acaba prejudicando, sem a menor intenção, seus companheiros de vida. Eu fiz uma monografia sobre isso, baseei-me, entre outros, naquele livro "Mentes Inquietas" da Ana Beatriz Nogueira.Acho que ele esclarece muita coisa. Diagnóstico é feito a partir de uma equipe. E, como disse, a psicopedagogia auxilia muito nesses casos e o tratamento do paciente é o comportamental. Medicação prá que? Prá deixar o menino manso? E os efeitos colaterais? Ganhará algo com isso? Claro que não! Espero que vc consiga achar alívio e tranquilidade, bons profissionais, humanos, honestos... conte prá gente!!!

    Bjs,

    Patty.

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  5. Lulu, não sou mãe e não tenho experiência na convivência direta com crianças, mas... Às vezes tenho a impressão que a vida moderna inventa umas modas, sabe? Se a criança é muito ativa, logo classificam uma síndrome qualquer para rotulá-la. Se ela é muito quieta, só pode ter depressão! Enfim, será que tudo é tão rotulável assim mesmo? Fico pensando no que diriam da gente quando tínhamos a idade dos seus filhos! Eu desejo muita sorte nessa busca de vocês. Beijos, Débora

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