Festim





Simplesmente adoro as tais sincronicidades. Desde que descobri a palavra serendipity na língua inglesa, lá no início da década de 2000, eu presto atenção nessas pequenas e maravilhosas conexões do acaso.

Voltando de uma viagem intensa em calor humano e climático de Teresina, a dez mil pés, vi o planeta amanhecer da janelinha, enquanto curtia John Wick 4 na telinha do celular pelo aplicativo da empresa, quando Keanu confere em seu relógio de punho (eu também não abro mão do meu) e… 5:45AM em Paris e também em algum lugar aos arredores do Distrito Federal. O sol nasce no filme e na minha vida real, provisoriamente encarcerada nas alturas e nos alhures. Estamos juntos, ele e eu, em continentes diferentes como se fosse o mesmo alvorecer.

Opto por filmes de ação nas viagens de avião. A ideia é me distrair com o máximo de barulho fictício a fim de me esquecer dos inúmeros e esquisitos ruídos produzidos pela aeronave. Dá certo. Consigo sobreviver, cada vez mais serena, aos sintomas da fobia de voar.

Mas voltando ao último capítulo da quadrilogia Wick, me peguei imaginando as centenas de balas de festim utilizadas ao longo de duas horas de cenas alucinantes. Sem brincadeira, quantos cartuchos foram pipocados pelas personagens? Mais de mil, fácil. Então como é que pode uma única bala ter sido trocada por uma de verdade na gravação de uma única tomada no set de filmagens de Rust?

É intrigante. Será que Alec Baldwin pretendia mesmo matar a diretora de fotografia? Quem queria matar Hylana Hutchins? Ou a bala era para o diretor da película e a coitada morreu como collateral damage? Ou alguém odiava Baldwin a ponto de destruir sua paz de espírito junto com os seus lucros?

Questões complexas #sqn também me divergem do fato de que estou confinada num meio de transporte chaaaaaaaaaaatooooooooooo, desconfortááávellllllllll, estériiiillll.

Haja munição para dar conta da distração até que o céu se azulou e se alaranjou e eu me perdi no que realmente é ímpar: o paradoxo da Natureza, de fenômenos explicáveis pela Ciência diariamente insondáveis.

"Se eu subo até o céu
Sei que ali também te encontro.
Se no abismo está minha alma,
Sei que ali também me amas!
Senhor, eu sei que Tu me sondas!"

(Sonda-me, louvor de Alison Ambrósio)

Comentários

  1. muito bom, muito bem!

    Dante Filho

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  2. "Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome"...

    Re Osório

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  3. Belo texto e fotos! E sim, essa de trocar bala de festim por verdadeira é muito bizarro.

    Cynthia Chayb

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  4. Li agora Lu . Muito bom 🌟. Saudades de você e de seus voos ☺️

    Clarice Veras

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  5. Sincronicidades, conexões, filmes de ação, voos longos, 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
    Bravo!!😉❤️

    Lucas Gomes

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