Parábola
Avulsa estou. Sou? Mães devem se preparar para o hiato da inutilidade existencial ao qual são lançadas no processo de amadurecimento dos filhos. Quem gosta tanto do artigo definido precisa caminhar na penumbra dos pronomes genéricos. A mãe se torna alguém ou ninguém ao sabor da indiferença de quem lhe consumiu a maior parte da juventude, a genuína preocupação e o amor condicionado por anos de cuidados, de afagos e de mãozinhas sôfregas pelo contato maternal. É a suprema readaptação que se impõe novamente. Primeiro, a de parir, nutrir e proteger. Anos depois, a de soltar, confiar e assumir aquela pontinha no filme dos rebentos, quiçá uma participação especial. O ninho vazio é antes mais emocional do que físico. Nada na vida da mulher é superficial. Menstruamos, optamos todos os meses entre o dever e o direito de ser livre. Investimos toneladas de energia e incalculáveis horas na prisão voluntária da maternidade (quando ela é uma escolha também não deixa de ser um fardo). E no momento de...