Nas mãos que oferecem rosas...
"Fica sempre um pouco de perfume
Nas mãos que oferecem rosas
Nas mãos que sabem ser generosas
Dar o pouco que se tem a quem tem menos ainda
Enriquece o doador, faz sua alma ainda mais linda
Dar ao próximo alegria parece coisa tão singela
Aos olhos de Deus porém é das artes a mais bela..."
Nas mãos que oferecem rosas
Nas mãos que sabem ser generosas
Dar o pouco que se tem a quem tem menos ainda
Enriquece o doador, faz sua alma ainda mais linda
Dar ao próximo alegria parece coisa tão singela
Aos olhos de Deus porém é das artes a mais bela..."
Quebrar o frasco de perfume também dá sete anos de azar? Ao menos o corpo e o banheiro ficaram sete vezes mais cheirosos. A casa toda, que na noite passada recendia a incenso, agora exala uma fragrância amadeirada, claramente masculina, invocadora de segurança, fortaleza e proteção.
Os tempos andam sombrios no país e em seu coração. Sentimento antecipado de perda dos filhos, do controle. Uma dispensabilidade angustiante. Os laços com a família que a viu nascer se esgarçam. Um cansaço de tanta loucura. Vontade de se deixar só, mas ressentida com essa solidão quase involuntária.
Momento de transição. De suspensão e suspeição. Não vê um propósito claro na sua missão de vida. Aliás, não é capaz de reconhecer que tenha alguma. Procura mais consciência, porém sobre o quê, especificamente? Os dias passam, as nuvens se acumulam ou se dissipam... Não encontra alento. O tal copo meio vazio. Até que ponto você tem coragem de ir para mudar o estado de coisas absurdo em que vivemos?
Observa a garça no topo do telhado e admira a imutabilidade daquele estado. Sonha ter um coração impassível como a ave, plácido lago e não revolta corredeira. Percebe destilar uma clara angústia de fundo egocêntrico. Mas, em atitude autocomplacente, perdoa-se por não ser profunda, assim como fez Érico Veríssimo. E, desse modo, atinge total falta de escrúpulos ao mencionar a comparação.
Todavia faltam-lhe palavras. Um cérebro em branco é mais ameaçador do que a página em branco. Quer abandonar a obrigação de escrever porque é preciso porque talvez já não seja mais preciso. Os temas não atingem a maioridade, não produzem romances – ainda que esquecíveis – não cria personagens além do umbigo em que se meteu. Está presa na armadilha que criou pra si mesma.
Minúscula aranha na vastidão da teia aguarda o inseto desavisado que lhe alimentará a alma. Porém, a seda há tanto produzida com a proteína líquida expelida de convulsas entranhas, captura gravetos e folhas secas, apenas.
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