Manifesto aos afetos sem cabrestos




Tudo bem por aqui, mas irritada até as pontas quebradas dos meus cabelos com o gênero feminino do qual faço parte, mas com o qual tantas vezes não me identifico. Quanta mulher saco-de-pancada por aí!!! Sei das questões filosóficas/antropológicas/sociais envolvidas nesse “ser submissa, ser ignorante, ser anulada”, mas enough, né? Estamos no futuro. É impossível tolerar tanta brutalidade diária! 

Mulherada precisa se amar mais, ser feliz sozinha, correr atrás das manhãs, dos sonhos, da carreira e dos afetos sem cabrestos... É uma que perde o filho que foi espancado pelo padrasto. Desculpe-me, mas eu não acredito que o cara era gente boa até o belo dia em que resolveu matar uma criança de dois anos da forma como fez. Os sinais do desequilíbrio já deviam estar bem presentes. Todo mundo já devia sofrer há tempos nas – literalmente – mãos dele. 

A outra, professora, vida estável, arruma um namorado que já colecionava nove processos por agressão contra mulheres. Um cara desses é claramente brutal. Ele devia ser abjeto com ela na rotina do relacionamento. Agora: Márcia é morta! 

Outra, ainda, aguentou 20 anos de cárcere privado. Mesmo com dois filhos frequentando a escola, a mãe não deu um jeito de mandar recado, pedido de socorro, nada... 

Sem falar naquela psicóloga que vivia com um viciado em cocaína que fora paciente dela. O miserável matou o enteado e jogou o corpo do menino de cinco anos no rio que passava no quintal de casa. Sinceramente, a mãe deveria ir pra cadeia também, por permitir que esse monstro assassinasse o filho dela. Cúmplice. Abusos não surgem do dia pra noite. Especialistas apontam que há um processo de escalada de violência nesses casos. Portanto, não deve ter sido a primeira vez que ele tentara se livrar do guri.

Por que a mãe não deixou o menino com o pai, se o padrasto não o queria por perto? O pai era presente. Era dedicado. Essa mãe, pra mim, é tão culpada quanto o assassino. A verdade é que existe muita mulher por aí que prefere ver o filho morto do que abandonar uma pica. Pronto, falei. Ou mais grave: escrevi e não retiro o que eu disse. Chega de tratar as mulheres apenas como vítimas de suas escolhas imbecis, para não dizer omissas. E a omissão também pode ser criminosa. 

Não aguento mais ver mulheres trucidadas todos os dias. E quando não são elas, são as pobres crianças, que nada tem a ver com a insanidade de seus pais e padrastos/madrastas... Quanta garota sem amor-próprio a nos irritar nesse mundo! E a colocar filhos perdidos no mundo...

As pequenas agressões verbais ou até físicas estão a nos espreitar dia após dia, pois os homens ainda são criados nesse universo arcaico da testosterona. Não devemos - jamais - permitir que esses deslizes evoluam para a patologia. Viver junto não é fácil, mas não é desculpa para monstruosidades! 

Precisamos nos unir, meninas, em prol de uma solidão gratificante! Uma vez que o verbo do momento é "merecer", nenhum homem merece o sacrifício de nossas crenças, de nossas alegrias, de nosso corpo e alma. #Basta!


"Era uma vez
uma mulher que
via um futuro grandioso
para cada homem
que a tocava.
Um dia
ela se tocou"
(Alice Ruiz)



Comentários

  1. concordo com você, tenho muita dó dessas mulheres que vivem mal mas acompanhadas, só somos felizes se formos por inteiro e para isso temos que aprender que a felicidade depende de nós, do respeito que nos nutrimos, da nossa força para tudo. Não sou feminista, sou independente, não luto por direitos iguais, porque me acho igual e não admito que não me tratem de outra forma, sempre foi assim. tive a influencia de dois homens na minha vida, primeiro papai que era mais feminista que muitas mulheres, segundo meu marido que sou casada há 27 anos em um relacionamento de 32 anos, ele sabe que aqui o galo não canta ... ou cantamos juntos ou a galinha canta mais alto rsrsrs. sou neta da Elódia, com muito orgulho admiro muito a minha avó, embora seja uma controvérsia na família... minha mãe era doce, mas de uma fortaleza danada, aprendi muito com ela a balança dos relacionamentos e a garra pelo meus sonhos.

    Renata.

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  2. Concordo com tudo o que você escreveu, assino em baixo mesmo...somos responsáveis pelas nossas escolhas.
    bj.Namastê!
    Cynthia

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  3. Concordo com cada detalhe! Acorda, mulherada!!!!

    Francine.

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  4. Concordo plenamente com a falta a falta de amor própria, do desespero por ter um homem, antes mal acompanhada do que só, mas discordo com relação aos "sinais de desequilíbrio" infelizmente muitas vezes dormimos e convivemos com inimigos que não temos a menor suspeita do que sejam capazes até que aconteça algo.

    Adriani

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  5. Apoiada!

    Juliana Meneses

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  6. Lu, apoiadíssima! Reflexão perfeita.

    Maria Carolina

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  7. Concordo Lu, devemos nos respeitar.

    Gabrieli.

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  8. fantástica reflexão, Lulu.

    Débora.

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  9. Talvez, Lu, essas mulheres façam parte daquela massa de 65% que acha que a mulher merece ser estuprada pela roupa que usa. Talvez, essas mulheres pensem que o fato de ter um macho ( e não homem) em casa, ou ao lado as tornem aceitas pela sociedade hipócrita. Há discriminação por ser solteira. Há discriminação por ser separada. Há discriminação por não ter filhos. Há discriminação por usar decote. E mini saia também. Talvez a carência as cegue. É um cativeiro que sutilmente é imposto a nós, mulheres desde a mais tenra infância. Talvez sejam vítimas por acreditarem que estão fazendo a coisa certa. Doído... Lastimável.

    Daniele

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    1. Sim, há tudo isso, Dani! Mas não é mais possível empurrar tudo isso pra debaixo do tapete ou usar isso para essa eterna "vitimização". Estamos no futuro. O futuro já é ontem. Bem, eu falo mais das minhas ideias no texto do blog de hoje! Beijão e mande catar coquinho qualquer homem que não lhe represente! KKKK!!!

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  10. Eu acho que a Adriani tem razão em dizer que às vezes os sinais de desequilíbrio são difíceis de identificar, principalmente quando a mulher está apaixonada. O problema não é a pessoa ter se casado com o cara errado. É permanecer casada com ele. Depois do primeiro problema, se a coisa não mudar, a mulher tem que cair fora!

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  11. Retificando... depende do que for o primeiro problema. Violência física, para mim, não tem segunda chance!

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  12. dia desses, comentando sobre a inutilidade da lei maria da penha, eu dizia mais ou menos o que vc disse acima. como mulheres "poderosas", independentes, sobretudo inteligentes, se envolvem com esses tipos!! e o que causa mais espanto é quando se verifica que a mulher conheceu o sujeito a uma, duas, semanas, dois meses, e já o leva pra dentro de sua casa, vão morar juntos. quando tem criança morta, espancada, estuprada, e tem padrasto no meio, a policia nem precisa ter trabalho. ta ali o culpado. Como explicar essa confiabilidade instantânea das mulheres em homes que não sabem quem são, de onde vieram,.pra onde querem ir. E, detalhe, quando são mais velhas, bancam o vagabun do 100\100, com roupas, carros, viagens.....e o meliante, como na fábula, mata a galinha dos ovos de ouro. pobres mulheres, pobres vitimas de si próprias. como explicar isso? porque as mulheres se jogam de cabeça nessas relações? se alguém souber, favor explicar.

    Severino

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  13. É isso aí. Adorei o texto! Sempre achei tb q só há algoz pq p ele há uma vítima disponível... E o pior são as vítimas "profissionais", q passam de um algoz p outro sem perceber... Difícil né? Ainda mais qd estão próximas da gente...

    Ana Cláudia

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  14. Tão claro e simples.

    Anna Luíza

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  15. Carência prezado Severino, solidão, esperança de que desta vez vai dar certo... Não justifica, claro. Mas eu acredito ser o motivo desta fé cega.

    Lara Maria

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  16. Não estou justificando, Lu. Achei fantástica a sua reflexão. Isso que falta! Falar sobre o assunto, debater, dividir experiências e abrir a cabeça para esse futuro de hoje, de ontem. Ah, quantos aos coquinhos, deve ter gente catando até hoje, rsrs.

    Daniele.

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  17. "Ser feliz sozinha" essa frase diz tudo. Espero que esse texto alcance mulheres que pensam que sua identidade depende da presença de um homem.

    Evelyn.

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  18. Uau, deu ibope! Eu gostei bastante do texto, mas adorei mesmo foi a Alice Ruiz ao final. Que breve poema maravilhoso!
    É tão delicada essa questão de não ver os sinais... Às vezes é quase impossível aceitar aquilo que está a um palmo do nariz, sobretudo quando a fumaça emana do homem que se tem pra chamar de seu... Para quanta coisa a gente fecha os olhos em nome da visão do futuro grandioso em cada homem...
    Ainda somos muito dependentes da identidade que a contraparte masculina nos dá, infelizmente.
    Beijos de volta!

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