Esse americanismo vale a pena imitar
Passei um ano e dois meses nos Estados Unidos. Não foi intercâmbio de estudante, mas me sentia como tal: livre, sem grana e sem emprego a descobrir as maravilhas da América. Meu marido sim, estava bastante ocupado com um pós-doutorado na IBM. Moramos no desbundante estado de Nova Iorque, que nem precisava ser tão bonito tendo Manhattan para ofertar, mas é. Ô pedaço de chão de tirar o fôlego!
Fiz um curso de aperfeiçoamento de inglês no Hunter College e acabei amigona da professora, a very nice Mrs. Molly McGrath. Ela se encantava com os brasileiros e o tal calor humano que realmente temos e eles não. Saíamos muito, conversávamos à beça extraclasse, e com ela curti momentos preciosos da rotina nova-iorquina. Fizemos até um amigo oculto ao estilo brasileiro no Natal. A turma toda foi para a casa dela, cada um levou um prato típico do país de origem (Coréia do Sul, Brasil, Peru, Polônia...Assim é Manhattan: o mundo todo numa só ilha) e a noite foi linda e divertida.
Infelizmente, não foi gostosa. Depois de experimentar o peru preparado por ela, o típico galináceo regado ao molho de berries (as frutinhas vermelhas que eles amam: raspberry, blueberry, strawberry), tive a certeza que os pobres ianques não sabem o que é uma boa comida. Isso porque meu marido e eu já havíamos sofrido pacas no jantar de ação de graças, o famoso Thanksgiving americano. Pumpkin Pie (torta de abóbora) completamente insossa e outras nulidades gastronômicas estiveram no cardápio. E a gente sorrindo e repetindo para não fazer feio, é claro.
Com essa má-impressão na cabeça, soltei a máxima num bate-papo com a mrs. Molly: “vocês americanos sabem tudo de museus e outros projetos educacionais e culturais, mas não sacam nada de cozinha. A comida de vocês é simply terrible”. Mrs. Molly caiu na gargalhada e concordou comigo. E deve ter sido verdade porque ela sempre repetia essa observação “so peculiar” ao me apresentar aos amigos dela. Acho que a simpática teacher deve ter me achado o suprassumo da espontaneidade terceiro-mundista.
Mas eu estou contado essa história pra falar de outra: levei meu filho mais velho e meu sobrinho e afilhado para conferir a exposição Darwin, que, ainda bem, chegou a Brasília. A montagem está excelente! Esclarecedora, criativa, interativa, bonita, atraente. Os textos são gostosos de ler, as curiosidades muitas. As crianças adoraram. O meu de quatro anos ficou fascinado pelos esqueletos e pelos bichos espalhados pelo caminho, inseridos em seus habitats. O sobrinho de onze pela interface com uns joguinhos de computador. Meu marido e eu, por tudo.
Já no finalzinho, quando meus olhos encheram d’água diante de uma orquídea de inenarrável beleza, pensei na frase que disse para Mrs. Molly e sorri, orgulhosa de que o Brasil, enfim, está começando a aprender como fazer um museu, uma mostra de qualidade como aquela. Se tivéssemos mais espaços como o de Darwin, as crianças tomariam mais gosto pela Ciência e pelos estudos. Meu marido se acercou e eu comentei: “ótima exposição, né?” Parece até coisa do American Museum of Natural History. E é, ele respondeu. Olhei para trás e vi a logomarca do Museu de História Natural de NY entre os organizadores do evento. Pois é, tinha de ser.
Fiz um curso de aperfeiçoamento de inglês no Hunter College e acabei amigona da professora, a very nice Mrs. Molly McGrath. Ela se encantava com os brasileiros e o tal calor humano que realmente temos e eles não. Saíamos muito, conversávamos à beça extraclasse, e com ela curti momentos preciosos da rotina nova-iorquina. Fizemos até um amigo oculto ao estilo brasileiro no Natal. A turma toda foi para a casa dela, cada um levou um prato típico do país de origem (Coréia do Sul, Brasil, Peru, Polônia...Assim é Manhattan: o mundo todo numa só ilha) e a noite foi linda e divertida.
Infelizmente, não foi gostosa. Depois de experimentar o peru preparado por ela, o típico galináceo regado ao molho de berries (as frutinhas vermelhas que eles amam: raspberry, blueberry, strawberry), tive a certeza que os pobres ianques não sabem o que é uma boa comida. Isso porque meu marido e eu já havíamos sofrido pacas no jantar de ação de graças, o famoso Thanksgiving americano. Pumpkin Pie (torta de abóbora) completamente insossa e outras nulidades gastronômicas estiveram no cardápio. E a gente sorrindo e repetindo para não fazer feio, é claro.
Com essa má-impressão na cabeça, soltei a máxima num bate-papo com a mrs. Molly: “vocês americanos sabem tudo de museus e outros projetos educacionais e culturais, mas não sacam nada de cozinha. A comida de vocês é simply terrible”. Mrs. Molly caiu na gargalhada e concordou comigo. E deve ter sido verdade porque ela sempre repetia essa observação “so peculiar” ao me apresentar aos amigos dela. Acho que a simpática teacher deve ter me achado o suprassumo da espontaneidade terceiro-mundista.
Mas eu estou contado essa história pra falar de outra: levei meu filho mais velho e meu sobrinho e afilhado para conferir a exposição Darwin, que, ainda bem, chegou a Brasília. A montagem está excelente! Esclarecedora, criativa, interativa, bonita, atraente. Os textos são gostosos de ler, as curiosidades muitas. As crianças adoraram. O meu de quatro anos ficou fascinado pelos esqueletos e pelos bichos espalhados pelo caminho, inseridos em seus habitats. O sobrinho de onze pela interface com uns joguinhos de computador. Meu marido e eu, por tudo.
Já no finalzinho, quando meus olhos encheram d’água diante de uma orquídea de inenarrável beleza, pensei na frase que disse para Mrs. Molly e sorri, orgulhosa de que o Brasil, enfim, está começando a aprender como fazer um museu, uma mostra de qualidade como aquela. Se tivéssemos mais espaços como o de Darwin, as crianças tomariam mais gosto pela Ciência e pelos estudos. Meu marido se acercou e eu comentei: “ótima exposição, né?” Parece até coisa do American Museum of Natural History. E é, ele respondeu. Olhei para trás e vi a logomarca do Museu de História Natural de NY entre os organizadores do evento. Pois é, tinha de ser.
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