A benção, mãe!
“Sob a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia”
Eça de Queiroz
Os portugueses são um povo apegado às palavras. Por onde quer que a gente caminhe nas ruas lusas, há sempre um poema impresso nas paredes, muros e azulejos. Um pouco diferente dos brasileiros, que estão sempre a escrever em inglês e que pouco divulgam os escritores nacionais nos espaços públicos.
E a outra de poesia...(Oceanário de Lisboa) |
Quem sabe não foi essa nota triste a responsável pelo povo português rever conceitos em relação à língua? Hoje, o que percebemos ao visitar o país é um habitante orgulhoso e brioso de estampar o Português em tudo. Nomes de lojas, prédios, séries de televisão e filmes. Eles não deixam passar nada. Inglês só mesmo com legenda. Lost é Perdidos. The Mentalist é O Mentalista. Bones é Ossos. Pra quê anglicismos se existem palavras semelhantes ou iguais para descrever as mesmas coisas?
Com cara de pastel junto ao túmulo de Camões |
Eça de Queiroz também não foi esquecido e ganhou uma bela escultura que representa o autor amparando uma figura feminina (a verdade), postada no bairro alto de Lisboa. Pessoa, ali perto, está sentado para sempre no Café à Brasileira, ponto de encontro da boemia cultural portuguesa. Pelo menos já temos Drummond olhando o mar de Copacabana. Espero que ninguém mais ouse roubar os óculos do grande escritor brasileiro. Que ultraje!
Uma prosa com Pessoa, que fã é assim mesmo |
Certa feita, escrevi o trecho de uma canção do Caetano Veloso como complemento de um trabalho de direção de arte. O professor da faculdade sorriu e brincou: “Sempre um textinho, não é dona Luciana? Eu pedi uma ilustração que falasse por si”. O que ele diria do Oceanário de Lisboa, com cenário que dispensa digressões, assessorado pelos belos poemas marítimos de Sophia de Mello Breyer... Em cada cantinho, um libelo ao léxico natal. Faz suscitar a velha disputa sobre o que mais vale: a imagem deslumbrante ou a divina cadência poética?
Conflito de interesses nas ruas de Lisboa |
Muito bacana este seu post. Um dia ainda vou lá. Tenho uma amiga (de Internet, mas uma pessoa muito bacana e culta) que mora em Lisboa. Também acho que deveríamos cultuar mais nossos escritores. Vinicius tem uma estátua em Itapoã, abandonada. Drummond, se não me engano, tem outra no Rio, cujos óculos são sempre roubados... Gostei das fotos com o Pessoa e junto ao túmulo de Camões, e afinal quem não ficaria com 'cara de pastel' numa situação dessas ? Penso, mas não existo, adorei isso. Onde achou ? Um abraço, José Rosa.
ResponderExcluirCaro José Rosa,
ResponderExcluirpois é, fiquei profundamente comovida ao visitar o túmulo do pai da língua portuguesa. E o "Penso, mas não existo" estava nas ruas de Lisboa, sempre plema de poemas nas paredes, fachadas e muros...
Foi minha primeira vez em Portugal e me deixou marcas muito fundas e boas.
Abraços,
Lulupisces
Ainda vou lá, quem sabe ano que vem. Tenho uma filha que estuda em Madrid. E uma amiga em Portugal.
ResponderExcluirab.