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Mostrando postagens de maio, 2024

Entranhas

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O mundo anda muito pesado. De todo modo, há belezas!  O gurizinho que joga bola com o seu cão na manhã de maio, sem dúvida não há cena mais bonita hoje. Peraí, há controvérsias. Duas velhotas a caminhar, no amparo do cuidado mútuo: poema sobre afetos irretocável.  Falando nelas, as poesias, tão vastas em temas, são sublimes.  As árvores no processo de amarelecimento, unguentos.   O enorme panda se rotaciona em cambalhotas marotas a troco de quê? Prazer.  Nuvens esparsas,  adesivadas no fundo azul por uma mão sensível,  brilham. A brisa outonal cantarola cirandas, convite ao devaneio. Bancos ao relento cobertos por folhas desapegadas,  flores caídas na calçada.  As cordas da harpa dedilhadas pela fada.  Bálsamo é a serenidade matinal corriqueira para quem está de bobeira.  Uma mulher da rua, com um véu branco a descer pelo seu corpo:  nossa senhora dos mendigos.  A quase certeza de Deus.  Catarina  a menina...

Cerratenses

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  Espécie pioneira e perenifólia capaz de suportar sombreamento mediano. a aroeira salsa é altamente tolerante à seca, resiste às geadas e apresenta boa capacidade de regeneração natural. Floresce de agosto a novembro, e a maturação dos frutos ocorre entre dezembro e janeiro, permanecendo na árvore até março.  A casa das novas janelas trapezoidais, a vila italiana, a casa infinito. A casa da progressão geométrica 2, 4, 8 ou  dos múltiplos de dois ou do teclado matricial (matriarcal) 2x4=8.  A casa das pitangas, de um a dupla de aroeiras salsas, do pau-brasil e das arecas. A casa dos tijolinhos ( white brick road ), do ipê também branco, da luz oblíqua.  A casa dos papeis de parede “trazidos da Índia”  e das igualmente falsas, porém bonitas, cerâmicas hidráulicas. A casa da Nossa Senhora de Fátima e  do jardim mágico do castelo da Bela Adormecida. A casa da escada em caracol, do gazebo realocado. A casa da profusão de espadas de São Jorge (muito bem g...

Gigante gentil

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Um piano bem tocado é imbatível. Engraçado ter me vindo à cabeça exatamente este adjetivo, uma vez que não se bate num piano nem com uma flor. Quanto mais belamente acionadas as teclas, mais suave é, ainda que a composição exija vigor e rapidez estonteantes para mãos que parecem agir independentemente dos braços. Mãos autônomas como a Mãozinha da Família Addams (usei essa analogia antes, mas Renato Russo me absolve). Pois ontem foi uma noite sublime. A sala de teatro da Poupex é o que de melhor temos em Brasília no momento que parece infinito, quando o Teatro Nacional Cláudio Santoro segue agonizando em Eixo Monumental público. Som muito bom, cadeiras confortáveis, iluminação acolhedora, acústica idem, estacionamento amplo. Espaço perfeito para abrigar óperas, concertos, recitais e outras apresentações mais intimistas, apesar de não ser pequeno, muito pelo contrário. O único senão é ficar distante das paradas de ônibus e das estações de metrô. A plateia também estava de parabéns. Pou...