Entranhas
O mundo anda muito pesado. De todo modo, há belezas! O gurizinho que joga bola com o seu cão na manhã de maio, sem dúvida não há cena mais bonita hoje. Peraí, há controvérsias. Duas velhotas a caminhar, no amparo do cuidado mútuo: poema sobre afetos irretocável. Falando nelas, as poesias, tão vastas em temas, são sublimes. As árvores no processo de amarelecimento, unguentos. O enorme panda se rotaciona em cambalhotas marotas a troco de quê? Prazer. Nuvens esparsas, adesivadas no fundo azul por uma mão sensível, brilham. A brisa outonal cantarola cirandas, convite ao devaneio. Bancos ao relento cobertos por folhas desapegadas, flores caídas na calçada. As cordas da harpa dedilhadas pela fada. Bálsamo é a serenidade matinal corriqueira para quem está de bobeira. Uma mulher da rua, com um véu branco a descer pelo seu corpo: nossa senhora dos mendigos. A quase certeza de Deus. Catarina a menina...