Arrastão
À cama, tamborila o travesseiro imitando as batidas do coração captadas pelo ouvido esquerdo. O corpo em posição fetal.
Recordou a infância dividindo o dossel com a amiga. Naquelas noites de confidências, as tramas da feminilidade eram urdidas.
A amiga ninava a si mesma com um embalinho suave. À época, achava o ritual engraçado, mania estranha.
Não imaginava que suas futuras madrugadas seriam insones. Que necessitaria de tantos artifícios para aplacar seu espírito sonâmbulo, as almas penadas de estimação.
O colchão é pequeno para tanta resistência.
Alva
alma
Sabores
amores
Étnico
ético
Fricção
ficção.
Orquestras
eteceteras.
Noite
notes
anotes
as estrelas restantes.
Autofricção
Ontem conversávamos sobre o ato de chorar ou de não chorar.
Vontade de chorar, chorar demais, por qualquer coisinha.
Chorar de menos, precisar chorar.
No quesito choro, Cat Stevens/Yosuf é fatal.
Ouço e choro.
Lágrimas quentes perpassam o rosto, deságuam no pescoço.
Sinto saudades do meu irmão. Em novembro ele se foi, parece que não foi,
apenas mesclou-se ao mato, batuta que era.
Na fotografia, sou a versão feminina dele.
Ambos com o olhar melancólico do pai.
Da heterogênea ninhada, ninguém mais.
Estratégia
Abro meu olho impressionista
o que borra a paisagem,
distorce os contornos,
mas intensifica o brilho do sol de novembro.
Nunca escapei pelo realismo.
Amei os textos e as fotos 👏👏👏🥰
ResponderExcluirCynthia
Muito lindo!!! Tá chegando o dia!!!!
ResponderExcluirAna Cecília Tavares
Oi Lú, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei. Sempre fui chorona, de uns anos pra cá, não sou mais. Sinto falta de chorar😊 me fazia tão bem. Papai detestava meu chororô.
Renata Assumpção
Eu choro muito também com Cat Stevens/Yosuf...
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