Deus, o Diabo e os Fósseis na Terra do Sol







No Cariri, ciência e religião compartilham o mesmo vale, buracão rodeado pela magnífica Chapada do Araripe/CE, que parece formar um círculo perfeito: cratera, boca de um gigante vulcão extinto. 

É a estátua de Padim Ciço na cidade de Juazeiro, filho ingrata do Crato, pois floresceu, se tornou famoso no Brasil todo e causa inveja ao pai, ressentido, ofuscado pela vizinhança ilustre. Resultado: há uma imagem de Nossa Senhora de Fátima 1 metro mais alta no Crato (28m., portanto). Avistamos a santa de longe, ponto alvo a destoar da paisagem verde. O tal santuário ainda não está pronto. 





Crato, nome engraçado, estranho. É homônima de uma vila portuguesa no Alentejo. A palavra vem do Latim e significa padre ou designação de lugares com condição de se tornar uma paróquia. Bem apropriado para a mística do Araripe.





Em Santana do Cariri/CE, a paleontologia (com um museu muito bacaninha perdido no fim de mundo do semi-árido) precisa dividir as atenções com a devoção à Menina Benigna, uma adolescente vítima de feminicídio há mais de 50 anos. O processo de beatificação da jovem está tramitando no Vaticano e Benigna já alcançou o status de “serva de Deus”.






Quem nos contou tudim foi a simpática guia chamada Cícera (como não?). Ela também afirma ser uma das agraciadas com um milagre da menina: engravidou depois de uma década de tentativas frustradas. Agora é mãe de Maria Lizandra e Isadora Ísis e fez questão de levar a gente em romaria pelo pequeno vilarejo.




Eu, que de iconoclasta não tenho nada e me amarro em imagens sacras e rituais de toda sorte (e de nenhum azar), adorei conhecer mais uma história de devoção cercada de toques mórbidos. 

A colonial Barbalha, que me lembrou Olinda/PE, ali do ladinho de Juazeiro e Crato, também é imperdível. Delicioso passear por suas ruelas velhas e singelas bem preservadas. Entrar na preciosa igreja-matriz de Santo Antônio para recuperar o fôlego e diminuir a temperatura corporal no frescor da nave, é imperativo.




Hoje posso compreender com mais pungência o verso de Venâncio e Curumba imortalizado por Fagner: “só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara”. A região da Chapada do Araripe é especial tanto em natureza quanto em história. Ficamos encantados com a hospitalidade e beleza locais.




Entretanto, o mais instigante da Chapada do Araripe são os oito geossítios reconhecidos pela Unesco que você pode visitar. Conhecemos quatro, por absoluta falta de tempo. Confira no link abaixo e planeje sua próxima aventura arqueológica!



https://viajenachapada.wordpress.com/category/geossitios/

Comentários

  1. Deus é sem dúvida o melhor tema a ser tratado. A esperança, a fé e o amor resume sua criação em nós. Super 10 o texto, tema e as fotos. Sem falar dos coadjuvantes. Pessoas que nos constroem no anonimato. Parabéns Família.

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  2. Li e adorei! É o Brasil que poucos conhecem! Cheio de beleza naturais histórias e uma religiosidade incrível! É ver para crer ou ler Lulupices!

    Socorro Melo

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  3. Massa demais essa viagem!

    Rodrigo Holanda

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