Jaboticabal




Meu Deus, a gente vai lendo um monte de coisa e daqui a pouco a mente mistura Natal com recurso especial; criança com prêmio Emmy; Greenpeace com mensalão... Dizem que o cérebro tem capacidade de expansão ilimitada. Eu tenho minhas dúvidas. Esse tanto de informação pode mesmo me levar a um curto-circuito. 

E se eu endoidecer? Porém, mais doido é ser obrigada a permanecer sete horas no trabalho e você não ter trabalho para preencher as mesmas sete horas. Então, estou entre a cruz e a espada: ou leio e me devoro. Ou não leio e me desespero. 

Sei de pessoas que já aboliram os jornais de suas vidas. Deve ser bacana não estar a par de nada. Quase como viver no espaço sideral com todo aquele silêncio imponderável lhe circundando. E eu só tenho servidores públicos a me circundar... Taí, vou mudar o conceito de ilha: ilha é uma Luciana cercada por coleguinhas sem graça por todos os lados! 

A amiga Lara ficou brava comigo por eu ter dito, na vitrine planetária facebook, que vim de um planeta diferente do planeta dos demais servidores públicos. Não deveria. A inadequada sou eu, oras bolas! Assumo a minha culpa, a minha máxima culpa! 

Vi nesses dias um projeto da demoníaca Unilever que pretende vender produtos enquanto incute nas pessoas a ideia de que o mundo nunca esteve melhor para se fazer um monte de coisas, inclusive, ter filhos. Sim, de certo modo, não deixa de ser um ponto de vista válido. Com esse tanto de dados, de orientações, de especialistas escrevendo em blogs, jornais, revistas, aparecendo na TV, de avanços tecnológicos e científicos temos, sim, muito mais estofo para entender, compreender o universo interior e exterior. 

Teoricamente, estamos mais capacitados a fazer escolhas mais acertadas. A exercitar o espírito crítico com mais liberdade e sapiência, a aprender com exemplos que vêm do outro lado do globo em segundos até a sua casa. Na prática, o que ocorre é que a humanidade caminha aos tropeções como se estivesse sendo empurrada por algum sequestrador com arma às costas. 

Não mastigamos: engolimos nacos inteiros. Ainda não somos capazes de reverter essas comodidades de uma vida livre da luta insana por comida e teto diários em benefícios reais. Estou aqui no meu trabalho que poderia estar sendo feito em casa, por exemplo. E como ter a pachorra de reclamar se existem humanoides em situação extrema que ainda estão se matando por comida e teto aqui do lado, na esquina? Os Flintstones e os Jetsons na mesma existência tempo-espaço. Infelizmente, não se trata de viagem cósmica ou quântica. 

Nem sei mais por qual razão comecei a digitar essas digressões. Talvez para utilizar, além dos olhos, as mãos. Para recordar que não sou somente ouvidos para escutar os full álbuns do youtube, e sim um ser completo, atuante, relevante no mundo, apta a produzir suas próprias ideias desconexas. 

Corra, faça algo indescritível e extravagante right here, right now! Pare de ler essas bobagens. Você ainda não entendeu que o que importa nessa roda viva é catar jabuticaba/jaboticaba (com a chancela do dicionário Huaiss, que lhe dá duas oportunidades a mais de ser feliz!)? 




Comentários

  1. Oi Luciana,

    há muitos anos eu decidi que não tenho necessidade de ler jornal, nem ver tevê. Muita gente me acha alienada,mas sinceramente? Não vejo muita diferença. Não preciso ver e ler todos os dias aquele monte de desgraças para saber que o mundo precisa melhorar. Procuro me poupar para ter mais paz de espírito.

    Quanto ao tempo ocioso, já passei por isso. É uma M....

    Naquela época eu ficava no trabalho trocando figurinha, lendo etc. para não enlouquecer. Graças a Deus hoje é o oposto. Raramente tenho tempo para olhar meus e-mails. Prefiro assim.

    Beijos

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  2. Gostei Lu, realmente já não vejo jornal, só acompanho as noticias pelo jornal da globo!! A Melhor coisa mesmo e chupar jaboticaba no pé!

    Bjs,

    tia Leila.

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  3. "se todos os seus esforços forem vistos com indiferença, não desanime, pois o Sol ao nascer nos oferece um espetáculo maravilhoso, e no entanto ....a maioria ainda dorme."
    Adorei o texto, como sempre...Namastê!
    Cynthia

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  4. Tem hora que assistir telejornal deixa a gente para baixo. Será que as pessoas querem mesmo ver tanta notícia de desgraça?

    Fica aqui a sugestão da criação do "Movimento pela subversão dos valores-notícia!"

    hehe

    bjs!
    Fabiana

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  5. Sempre leio seu blogue. Também queria estar catando jaboticaba. Ou trabalhando em casa. Em vez de ficar fazendo nada, eu faria um pão, um biscoito, uma faxina... infinitamente mais útil.

    Beijos da
    Carmem Cecília.

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