As três balinhas
Quem é mãe que já não acordou no meio da madrugada para dar um beijo no filho? A exata mãe que carrega a culpa pela incompreensão, pela impaciência. As mães e o poço sem fundo das angústias de se crer infalíveis. Sabendo ser impossível ela foi lá e fez. Que frase de tamanha crueldade, oras!
A mãe não pode fazer nada além do que já faz: parir, nutrir, amar, pentear os cabelos, escovar os dentes, dizer que ama, dar beijo, dar colo, dar bronca. O impossível é pra quem vive de filosofia. E filosofia não cria filhos.
Quando confirmo o brilho nos olhos dos meus filhos, acredito que eles estão tranquilos e seguirão bem resolvidos pela vida. É dilacerante reconhecer numa criança a esperança destruída. Já detectei em muitas. Infelizmente, não apenas nas obviamente maltratadas pelas vilezas de uma existência miserável.
Mas pinta a insegurança de que é imperativo fazer ainda mais e melhor. É uma pressão às vezes desumana. Parece que o comportamento da mãe ao lado é sempre mais legal do que o seu. Piração! E lá se vão eles barulhentos e bagunceiros para a escola e você fica com sua cabeça fabricando pensamentos-pedras-sombrios.
Será que tem mãe que consegue conviver com esse bloco de concreto mental todo o tempo? O meu surge do nada e do nada se vai, ufa! Rogo para o que de todas as outras mães também sejam eventuais. Apesar de ter a certeza de que é inevitável confrontar essa neura que pinta na alma de quem tem a obrigação de abrir os caminhos para outro ser humano.
Deixemos de encucação! O dia está cinza, lindo, grávido de ventos; humildade é úmida delicadeza. Alegremo-nos! Despeço-me compartilhando o cheiro morno de sonhos saídos do forno que exalava meu filho na manhã de hoje!
P.S: acaba de chegar uma colega sem filhos dizendo: “como vocês aguentam ser mães? Vocês vão para o céu direto, sem purgatório!”
E não é que é? :)
E não é que é? :)
Sou uma leitora de blocos, Lu.
ResponderExcluirNão leio diariamente seus posts no blog, mas quando paro para apreciar seus textos, pegos vários e leio numa sentada só. Diante de tudo que li hoje só posso dizer que me sinto privilegiada de tê-la como amiga. Você é única e faz a diferença no meu mundinho.
Beijocas,
Geysa.
Ó, querida Jay-Jay, muito agradecida pela leitura assídua do blog. Nem eu escrevo diariamente nele, deus me livre! KKKK!!
ResponderExcluirMas preciso, como uma missão que me imponho, escrever três vezes por semana. É para aprimorar o texto mesmo. E para não enlouquecer também, dada a total aversão que tenho pelo serviço público em geral...:)
Fico contente que minhas ideias malucas lhe façam bem de algum modo. Quem escreve quer isso: que os textos pertençam ao leitor!
Um beijão,
Lulupisces.
Filhos, ô. E ainda espantam o tédio, porque tem dias que vou te dizer... Hoje é um deles.
ResponderExcluirMarisa.
Interessante como me identifico com a sua colocação sobre maternidade.Nunca fui uma mulher, que quis ser mãe, aquela menina que brincava com bonecas e as fazia de filhas, brincar de casinha, de papai e mamãe...as minhas lembranças são de uma menina que queria ser atriz, ficava eu frente ao espelho representando personagens que eu própria criava.Mas lhe digo, ter filhos é a melhor coisa do mundo, principalmente nesta fase em que estou, 5.7, filhos criados, netos...e aí você olha e repassa tudo...faz o filminho desde o ínicio, e relembra toda a trajetória , quantos momentos felizes, desafiadores,alucinantes por vezes, inseguros e medos.Estou em um momento de contemplação, observo com muita felicidade os meus frutos e os frutos destes frutos, e me vem a certeza de que percorri o melhor dos caminhos...e sempre os tres pontinhos, porque a vida segue.
ResponderExcluirBeijo grande...Namastê!
Cynthia
Adorei a foto!
ResponderExcluirEvelyn
Passei aqui, li, gostei e mando abraços!
ResponderExcluirMagno Rocha
Perfeito!!!
ResponderExcluirMarina Caldana
foi pelos motivos de que você trata nesse texto que Thiago e eu tivemos filho loguinho... Não queríamos ficar insuportáveis.
ResponderExcluirBeijinhos
da
Carmem Cecília