Bebida de Mulher

O yin e o yang no céu.
O último eclipse do século!
No copo, o gelo transparente
Seu olhar no meu, reluzente.
São cubas libres de estrelas
Um lago curaçau blue
E o amor daiquiri,
pontilhado de luzes ébrias nas margens.

Lunar

Dias lindos passam por mim.
Minguante é estado passado.
Estou crescente, cheia de paixão.
Assimilo formas
Alturas esguias
Barrigas desnudas
Dança do ventre.
Apreendo bocas, olhares
Estrabismos indecentes.
Solto frases e gargalhadas que inundam o espaço
Coração arado e
semeado espera nova colheita.
Minguante é estado passado.
Estou fértil,
pastagem verde crescente,
muito doida para dar frutos.
Estou cheia de paixão.

Pão de queijo

O trem atravessa os telhados.
Subi no sofá para ver.
Era madeira, era metal.
Um apito de despertar gente.
As montanhas que engolem as cidades...

Subir, descer, subir, descer,
suar.

O sol das seis nas portas das igrejas...
Minas é assim:
uma caminhada sob as estrelas, levando a paz nas costas.

Despedida

Voltaremos
Ah, voltaremos.
A cidade e sua ruas repletas de figuras raras
caras, cores e carros-prata.

As músicas curtidas nos diversos espaços,
porões, teatros.
Nas praças, homens e pombos disputando as migalhas dos sonhos,
dos pães e dos afetos.

O estádio lotado gritando Brasil!
As flores expostas as todas as horas...
Comidas, delícias e a Paulista linda, linda!

Ônibus e vidas clandestinos e crianças japonesas nas esquinas.
Liberdade!
A República e seus alternativos,
helicópteros, Rota.
Pinacoteca, Mário de Andrade
muita dor e saudade.

Nave Mãe

Nesta cidade sem lógica
cheia de espaços que trancam a gente.
Na falta de praças, transformando pisos gelados em aconchegantes banquinhos.
Nas músicas que ouço e nas frases que não digo:
há tanta coisa.

Parece esta cidade sem nexo
bem igual a mim
lotada de encucações
arrisco: complexos.

Transformei seu colo num banco de praça
onde jogo a cabeça e saio mais leve.
Sempre pensando: escrever, escrever...

Matéria-prima.