Om mani padme hum*
Já não sei mais quando ou como me tornei amiga da Lara. Aos 43 a gente começa a esquecer detalhes precisos de fatos importantes. Mas foi por volta dos seis anos, na primeira série do colégio Notre Dame. Também não me lembro como e por que a nossa amizade foi se fortificando. Ao dar por mim, já pertencia à casa dela, de onde entrava e saía sem a menor cerimônia, pois éramos vizinhas de quadra e, desse modo, tudo ficava mais fácil. Sem contar que naqueles idílicos anos setenta, os pais eram mais relaxados e as crianças mais soltas nas ruas... Estava ao lado da Lara na traumática separação de seus pais. Acontecimento tão corriqueiro hoje, mas quase inédito então. Talvez tenha sido a partir desse ponto que tenhamos nos tornado melhores-amigas-de-infância. E assim fui vivendo a minha vida junto com a dela. Invejando as aulas de piano que ela tinha em casa com piano de verdade e eu não. Colocando aparelho nos dentes na mesma época, repartindo com ela aventuras r...